A Semana: Revista Ilustrada - 1921, v4, n.155, março

A etiquet.;,, porém, o vei u des – pertar. Hav ia um comp rom isso ta– cito para a valsa annunciada pela orchestra . Aquet le toque de mão, duma mão go rgea n te. deli ciosa di– vina im per iosa, chamava -o ao sa– lão. Co rreu , mas a confusão era tamanha q ue não lhe foi possível rompe r a onda que, assoberbando o centro, em n,ovimentos clonico~, rolava lass iva , t rep idante . Os pares revi ravam o côro das danças , on - du lant~s, graciosos, alige ros . Em tu rno, tinha -se formado uma mu– ralha negra. impenetravel, de cas_a– cas, de onde emerg iam cabeças , urnas lu strosas e pretas, outras ca l– vas e rubras; eram os que p refe– ri am o odor de fem in a, á d istan– c ia, á tenta ção de um osculo. numa espadua plantnrosa, in voluata ri o. Bacanal isada pela cobiça , a ma– t,i !ha , frem ente, c urios a, ar,e rtav11 . de mai ;; em ma is, o d iametro do c :rc ul o . A imaginação, acossa da pela lubri cidndP.. exaltava-se, che– o- .i.nd o aos paroxismos da ra iva "'e 11 s ual. Soltando urd os lad ridos, nquelle homP.n d isputu va:n , cm e ·pi rito. a I re7.n inominada. J orcre PSprPitou, nada vi n. A 111 ulh.:';-, toLlus as ' mulheres corro· ri - a \·am-se num fragmento de A J. bPrtina, -· no ma is ten ue, no mu_\s Jll ÍITIOSO. O baile, entretanto, pe rdia a li · nha . A 11atL1reza SfmJJC astDCÍ'Jsa. reco nqu ista vJ. , a pouco e pc ueo. o se..i brutal prestigio. A etiqueta d e ixa\· a S J e,trang ular pela se nsua· JiJude - J•::n Loda ft."tu ha incubada. uma o rg ia . A Ja z íJl1e íiltrnva do tecto, don– raod) as . >eda.; roçr.11tes, o· f~stõe – l fl ores, as PSLatuetus de lmm– ~ e e~padana\·a em j 1rros, l'eflu in– ~~J· de amp los e, pelh o~ bisem/és, cl sdob r::idn em ondas d., uma la – ridade ,1 110 -i palpavel. gl' itante no trn aznladu n a rer.umhra,-– ce n c'la rid ude q ue, embl'i agando a umm . :1 d . t p rovocava ance10" 1e na al' vis ª'ac uo . Uma alegria doida pe.- n o v d trava em t u o. n eDu g·a leria c hoviam sernifuza s de, va Is a de Metra. A orch estra , uniÍaissP.z alter da batuta magi - 110 1 de feria. harmon ias e ncantado– tra • d lo · r e e~c umi , n,,; A pc :r.ar n cu 1 1n • A SEMANA lhava o ambiente. o rythmo cm t res tempos, zigzaguenndo como d iabi nhos azues, d ispersos pelo a r, fazia esq uecer a angustia do verão, dissipada por uma illusão q ue se insinuava volu ptuosamen te nos ner vos d?Joridos . I déas abstruzas se associavam aos sons. n em inisce n– ci as da va lsa a!lemã . Patinações nos cenaes d a H ollanda; Jogo a !em · bra nça d a balada dJ Rheuo; o cre– p us.cn lo dos deuses, H'agnc r . . . Tausto e i\l arga ri da . .. os N iebe- 1 ugen ... Kru p . . . B isma rck! Vizões rap idas, aél'eas, fluct uantes 001110 as estran h as il lum inuras de Gustavo Do1é. As damas ostentavam to ilel/es cada q ua l mais rebuscada e p recio– so. Arrepa nh ando os vestido~. as que valsava::, bu;;cavam n os con– trastes do estylo um a uova d istin– cção e os ma is exq 11es itas se nsações. Cabeças de su ltan as, bustos" de He– rod io.1des pas,avam redemo inhan do cm esp ira l. E lá se iam todas e ll as in cli nadas sob re os hombros dos seus cavalheiros hirtos. Jorge cravo u os ol hos no cyclc nP; ce ntenas de phis ionom ias co nheci· das lhe appa reciam. Só A lbe rti na !'e esqu ivava. De subito, porém, o seu talhe de gaze la se mostrou e os seus olhos de \ Valkyria esfuzia ra m es– ga1 ,ados. El ia ir rad iava . E ra uma cabeça feé rica. su rg indo como <le um sonho azu l. T elo vestido recordani a sombra de Maria St uart, adorn a– da de perolas,coroada com uma gri· nu lda ae myozott i 'I'oda es a irra – d iação, porém, abriu uni relampago no esp ír ito d,1 moço e d,ss ipon- ,e. porque seus n]h s logo e irresistive l– mente attra hi dos. pousaram na mão siaha estreita e fina, apo iada no h nmuro do par qt1e o. a rrebatava. O sa ngue affl uiu t cdo ao cornçã11; uma l ige ira co nv ul ão t omo u-lhe as en– tian h as de !'ob esa lto; t11 11 fr io dern– ~rada ve l perconeu -l he a esp, n]ia como se o an.eaça SP. algum perigo. A or ~J1estra 11 cce lero11 o a ndame n– to As cn 11 <lns de rntim e os renda – dos dos vesti dos "on1eçara m a en ro– d ilhar-se, ~uliindo como em e,-p umu.– radas de cascatn . O co rpos offe· gantes. un iam-se numa loucura in t i– mamente di abolica. e dos seios nús, palpitantes. pe rfumosos. perolados de s uor. exa lava-se alguma co usa d e acre e cap ri no_, que ento n tecia e, elimi nando as co n ve nções e re. e rvas sociae!', a lnci nava a sa la in tei i·a. Ne~te mo mento de u-se um facto extraordin ario. Jo rge se ut iu· se a r– reLataio pelo inv is ivel. Ao p ri me iro im pnlso res istiu n infPrna l s uggrs - t ão. i\ lus o moY imPnto ge nerali sado apos_rn u·se de lle e n submerg iu . Di zem q1~e n Mue lstrnni. q uan cl o, cm Pertos epocas att l' alt e O n a u La . depois de fazei -o de, cre ve r c írcu los de um re io des 111 ezu 1"ado, mL1it as ve – zes em !agar de ab i mal-o, acaba po r cusptl -o nas co tas da No ruP"D, tranqu illo, inta cto. como se nií.; o tivesse o.lormen tado a tempP.stade. To i o que succedeu ao ousedado atormentador de A lbPrtin a Escir pou·l he a noção do tem po; a e~p u – rnuo.dn , de rendas e gazes suffuco u– o; _de~ois a li ge il'a pressiio de urna maos 1nha so~we o hon1brn. 0 co nto– ct3 da su a m~n com outra. nm 1,u-to ele i:n ulh er u 1~1 ~n ao seu. u t1, bnff'.i, cl 1v111 0, b felicidade e e, goso ii. cu ri– a nte dos deusPs. E _n n_da mai ... . 11ada ma is D :ss1pado u turbil h ão, Jo ro-e dPs– pel'to u como de uni son ho 11 ,~crni t,i – co; de,perto u d P.ba ixo u~ o- . l,..e 111 a- l . l . d· ,• .,1nnr g no 1~ e,·, Jar 1111, ill u.:-ii nado pe las gan1bmrn1s d P. guz. t ma leve ara– g-ein garru lava _por entre as c,;patu– las das pal~ein~s Sentada 00 5 e 11 lado, na p roJecçao da sombra do t ronco_ que o occultava d as vistas do $Olao, e.stnrn, A lbertina li vid11. immo\"e l, com os olhrs a fiti~ l-o· 11 es· rn inten sa upo trofa,ão mud~ da 111 11 lhcr pro~undnmente revol t uda - QDe lhe t 1ulta feito? E m q ne in – CO JJ $Cientemente n offenrJe r><? /IS idéas r.onfusas n ida 1] 1 f' .d izioJ1J · Aqne lle 1úoels~1?m d e rendas deixa– ra -lhe n0 ~s p11:!to a imp rc >ão dfl um mystcno Lemlira\"a-se que ª urrebata r_a 11 0s braços sem quer~r; que e tre1tarn, ao p ito um corpo de mu lh er e q ne, po r nltimo aluc inado, se ab orvera nella L igei;·a memori[l. mu , cular, sipe no s, pela to 1são dO pe,-;coçn, lhf' uff1rn1on1 q, 1 <', durante

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0