A Semana: Revista Ilustrada - 1921, v4, n.154, março

DOLOROSA J "A que morreu de amor" POEMA DE GUILHERM,E DE ALMEIDA s prir'."1icias dessa express i\'o. admiração e ~ym– path1a qu~ me algemam o espi rito ao tale uf o vig0roso dtl Guilherme de Almeida, li\' e·as, ab1 nptamente, desde o di a em qu e li , c0mo se me iniciasse no cul to de um deus. um a das s uas poesias mais apreciadas e queridas: 110 moment() do amor». Partiu desse dia, a acu idade com que me interesso pela leitura do elega nte e illu,-trado mnguzi ne «A Ci– garra», que &e ed ita em S. Paul o, da qua l o se -lue– cente artist" é um do collabo adores admiradi ssirno. . Não sei. T alvez haj,1. exc..,s o <l <J exaltação intell.i– ctual nestes co11cPito~; t,ilvez me ten ha tomado de indomavel tensão ner...-osa ao passar µek,s olhos os ver,-os attrnhP. nl es do poeta. O certo é que vibrP i cerno as lnm in as xil ophnni · cas, e viLro a in,la C'C. m toda a i11 te11s idadf' ar o-uta das m inh as emoçõe~, toda vez que tra,•o com G~ilherme de A 1 ~eià_a, t ravez a lPitu rn de se us esc ri ptos. As 1m. ea consequencia dP. uma sen. ibilis- ima c,mo– ti vidade, levada ao grao maximo da esthosia nr.i;;tica, o que iue faz. na ex iguiJade carinh o a deRtas colum– nas, e pan,lir o ingenuo enth usiasmo de qnP. me po - sui. quando me cheg()u á,; mãos o ultimo livro do poetn, cujo titulo epigra r,ha e ta~ linhas. O poema de «Soror Dolorosa». aa que morrf' u de an_10r», ~omo graphou no ·e u u' ti rno Ppituphio. a po· esrn perigo nme nte influencitdora do auctor é nm li· vro para convnle ce ntes e melancol ico; é uma cadeia de versos <la alma, para co nter no dóure.do presid io da sillldade uma outra alma, um a in finidade de almas. Nas _est:·.:- phes capitosas de amor, nas rimas vi rgP.ns de se?,~ço _s .. nos hemistichio~ ca'ltos e espirituaes da onginali _sima ~rochura de 104 paginas, qne con· catena ª~ P 1od ucçoes de «~oro r Dolorosa» Guilherme de A_lmeida é O po~ta mystico dos claust/os e dos re· colh imento . das mc;nJ·as e d h·t Só uma Loeca de enteei os ceno • ,as. . . . 111111 eno devera de ler ~sse poema , 1m· presso a ma11e1ra da ediç~ . h . Gui'herme de f\.l . oes qum ent1stas. um .,.rande lvrio· meida_ é um puro. A sua Musa é de t~uica i,;cou •uf'~bolico2 um Anjo in ponderavel, poesia da lei da e te 1. e ma.o ab1:nçoadoras . A sua de um symbolismo ~ 1 ª: {spraiando-se pelos círcu los que nos dá a sen~a • 018 •st a e philosophico, vezes ha , 0 illuminado VerlaiJ:º de lermos o di vino Mallarmé. Verde pontificando 11 ~ ~ 1 ;er Antonio Nobre e Cezario Como auctor de umª 1 f;}e sua in s piração fluente. allía as duas qualidad º. commovedor e formoso , se oro-u lhece de ta es primordiaes a todo· aquelle qu ., no-er o . t O b e de Sapl10 :-é poeta e ; a, ., 111 s rnme11to de rp eu creve- l''ecunda a ideia. Jn;Jbst n· Trabalha o qne es· seu Sonho. ª 0 pensamento .A ma o o «Livro dt:1 Horas de oror D desperta enternecimento des ,'J.fl n 5 oloro~a», agrada e que a «pobre monja », confess.,: ua «offerenda» em «em meu burel, q11e é 11m grande ltJrio revelo aos olhos do senhor · negro, um corpo, em luto ~terno e sem socego, que amou ciPmais e sem amor . .. ,; S. Paulo-1920 para gemer prosternada, doente da nost alg·ia das cousas da vida , que vio um dia : « ... Os meus olhos amargos têm doçuras de m el para olhar esse mundo, que é tão bello nu for,na e tão /riste no f1111do .• «a vida é wna alcova onde o Amor fez seu ninho... » Depo is divaga. Na sua alma de mulher, bruxoleia a scentelh a do etern o e puro an:::eio das enclaus ura– das roman t icas. Fala como a Mimi Pinson, de Musset, pela ternura da sua expressão dolorosa : «Sob o amplo céo do Amor, alto. inconstante e vago, uma noite eu sonhei que a minha alma era um lago... » A s ua •Amphora de argila·, , é um symbolo da or· ga nisação amorosa que a natureza plasrr.on n a s ua indi viduali <l ade. Esta «Amphora» é a sua bocca cheia , qu e até derrama, pelos bordos, a •esse ncia» dos os– culos não libados. Elia offerece: «/11e11 vinho é puro e loca os bordos do meu vaso: antes que o beba o chão. Peregrino do Acaso chega-te, e vem matar no boccal g eneroso a eterna séde do leu cunlaro poroso ! » E proclama , conscia de que o sentime nto humano, na sua grandiosidade de tragedia, na subl ime asceu– ção do Ideal a que se projecta, dentro da belleza e da feli cidade, é um Amazonas que nascP do Loricocha do intimo, para tornor-se n a oaixão e11fe r'ma de uma Ladice, ou de nma Lina Ro,,.â, que desborda por to– das as cellu las, como unm r io-mar de amor, e a laga os sentidos . «Todo amor não é mais do que 11111 «e11 • qu e /rans – (borda ». Feliz e acertado nas Ruas imagans, n us compara – ções <JUe s11 gg,3re, Gui lh erme de Almeida é sober bo. Assim: •que estas olh eiras de saudades são exilios, prendendo os olhos en tre· as gl'ades do s m eus ciiios; «me11 corpo lodo é eomn um c1no piedoso, acceso em sua mão-. :~. i~,~~: de· ·1;~~; .... ....... .. . suave e leve da lua que Jw no meu olhnr·...

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