A Semana: Revista Ilustrada - 1921, v4, n.153, março

-- 000~000000000000000000000000000000000000000000000&0 0 0 00000000000 0 0 ~ p OBMAS BIZARROS ! • 0 1 i000~0e00000000000000e0000000000000000e00000000000z0000 000000000 e.:> ® I I 0 0 €0000S0:> Anjo que és minha Mnsa ,- BR.EVIANDO o iqterreg no da ultima remessa que t e fiz dos poemas eloquentes e inspirados do nos– so melanco lico e nostalgico Malberbe Rosas, apresento-te, hoje, copias de úlais alguns, tiradas pela penna deste teu amargurado idólatra, com toda a im· pericia que me é peculiar. Abrtenho-me de analysal·os. Reservo esta paci– ente e e pecial tarefa. para o teu espirito observador e critico. Como sabes, eu me gabo d e haver sido um dos raros ami gos do nebuloso e doentio vateque com– pôz estes poemas. O poeta de que te falo, misantbropo e exotico como sóem ser t odos os artistas ; estheta e ri gorista das sab– til esas da :E ürma; alma de oriental nama organisação de latino, como deves ter observado nos primeiros cantos aae te dei a ler, é um desilludido e um triste, entedi1ufo da prop1 ia vida; eterno archit€cto de um sonho symbolista e original,-é um Mallarmé redivivo.. O se u li vro soberbo.-este alfarrabio q ue é a mi– nh a obce-são,-é uma brochara qu e deve s1,r li<la ex· clusivamente por metencaptos e psy chol ogia s exd rn · xula~. Mas lê; aprecia a adjectivação bizarra, nervos a, destes poemas. Se os anterioies cantos falavam unica– mente dos dotes enfeitiçantes da B em-Amada. estes d agora, chei os de uma n evrose illu::ninad a e ly rica., voltam-se todos para n :Natureza e o mundo s ubjecti,o' escripto• n nm:i. lin gua gem toda in comm um. P odes lêr: o ciume das ondas Certa vez em que desci á praia com a minhn Eleita, afim de apanharmos conchas e colhe r talophi– tas, o mar g aaiva ao largo, ·mas as suas ondas vinha m se espreg-u içar na praia, ronronandc, cerno leopa rdos em repasto. . . Era á hora de Vesp er. O p in tor im prf'ss ionista dos Crepusculos, coloi ia um ca nto d a Immensa. téla, com uma tinta lilaz, tiran te ao roxo p isado, das olheiras das monjas. . . Vi esta imagem no rosto do meu .A r.rnr . Tal\'ez pPln vi inhança com a Agua, senti o ma– remoto das ondas no corpo da minha sereia humana. T ornamo- nos romn ntioos. Gisei um coração tr.:>ncho, mal desenhad o ferido verticalmente por uma setta hervada, que o t;.aspa.s– sn va, na are ia humida. O meu Arnor qu iz n~ nos as i niciaes unidas, como nos m~nogromrnas d~s t itul ares, incl usas ao desenho. E s_orev1-as; a _peque_n ma fo rca da inicial d 'el la, gra• ve1-a na ilexa, a mrnha, estendi -a sobre a effia-ie do coraçDo- -~ Veíu uma onda e desfez tndo. Rimo-nos· renova– me s o desPn ho; mas outra mareta o apagou , !~olhando ainda os nossos pés ... _ As onda~ •. que sao_ sereias metamorphoseadas ests.vom com c:ume de ti. P orq ue ?.. . ' salgueiros mysteri<isos Res ôo no farfnll.ar dos ramos deste s 1 . . • . a o-ue1ros uma litania, mystenosa e. imp~ess1onante. Ell;s estã; plantados em renque~ s11..etncos, como pelotões de múmias verdes, desg1 en~adas e loucas, resnrg idas da terra. pelos passes vet:ilo~uos de um b9nzo chinez. Mysteriosos salgueiros• . Quando O ve nto arranca-lhes com v1olencia fo lh as t?marellns e brotos viridos, f\]l es. gemem gritam como um ente humano. Estas arvores soffrem ou teem sau– dade. Contemplei-os certa noite de luar enfermiço, cur– vados para- as lou sas · funebres , nas alamedas tristes da n ecropole onde oa plantaram . Choravam lagrimas de sereno, pelos olhos verdes de todos os rebentos; gemiam. Estes salgueiros têm a minha alma! Pavão dourado O outomno é um parque vetusto e ermo, onde a Melancolia vem lêr, á hora cinerea do occaso, o seu li vro de saudades. O habitante unico deste pa rque. é um pa vão doand o. comoletamente tinto e.e ouro. Ave vaidosa e ari sto.crata. inquiriu dos deuses por qu e em que lh e dav am uma roupagem multicor, variegacla, mas todo serzida com remendos a ureos, ao em vez de o vestirem todo, do penacho á canda, com uma plu– ma gern fini ssima. de ouro.-toda de ou ro! Satisfizeram-lhe os deuses; depennaram-n'o dns pennas primitivas e cobriram·u 'o, t odo inteiro. da cô r da pepita ma is rutila, e o largaram á mercê do Destioo. E o pavão in satisfeito." q ue a ntes era tido como elemento orn amenta l dos jardins, dos parques, dos bosq ues, ond e pa~seiava a !'Ua riquesa em olumas, não ponde surg ir mai s nun ca, em Joga r que olhos hu– man9s o vissrm. Os vill õPs da,·a !11· :he caço, a pedrada e a tiro, que o ou ro. mesmo fal so, é o fan11ti,mo dos h omen s. . . . Assir:n é .-. não contentarmo-nos com aquillo qu e Dn1s nos dó . . . Colleciona-os, minha Musa; g uarda- os no ten co fre de eba no , com in crustações de fil etes esmalto dos . E s,e Malh erbe Rosas, estou certo, ficará sendo, se o já não é, o teu poeta favorito Fala-te ,~ orga- 11isação rom nntica, á me!an colia d a alma, a poesia sa– tnni ca e a lin guagem onomóthope ica, destes poemas. Breve dar-te-ei mais al g uns ; espera. B e rillo M:arqu es. • •••••••••••••••••• •••••• ••••• •••••• III MA1\1AN MUDE PSí CBOLOOJQU~ DE LA FAMILLE. M aman !. .. Ah! c'est maman, et cela veut tout dire !... Que! nutre mot pias doux la pourrait dé finir, que même le vieillard aime anssi à redire? elle est là et toujours, toute prête à bénir. Tont en cruidant vos pas, se plaisant à préd ire, ell1, vous"trouve fée un brillant avenir; pour chasser un 1 cha ~rin , ne jamais r.ontredire, elle l'essaie auss i, et y sa it parvenir. Et quand le coeur pâtit, c'esta à ell e qu'on vai pour se réco nforter, on sait b ien qu'ell e est la, pas de secret , pour el le, qu'on n e dirnit, au monde. H omme v ie ill a rd. enfant, tout court à ses genoux; , -a- t il ici -bas d'autre abri ausEi doux? ,) I ) • t ] é A t te , f"'oeu r ele mere, si g-rand. qu1 tou r gou surmon - · Dr. A. Stiévernart Février, 1fl21.

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