A Semana: Revista Ilustrada - 1921, v4, n.153, março

Alta comedia... SCENA I -O sr. dá licença ?... ---Pois não; póde entrar. -Aqui é a redacção d' A SEMANA, não é as- sim meu velho ? ~Sim senhor. Que deseja? SCENA li (O il/uslre desconhecido, pelo menos parecia il/11slre, abancou -se sc111cerimo- 11iosamenl c, pi11ga11rlo de suor) -Mas de onde chega o cavnlheiro tão can– çado? -Do infern1l ... SCENA III A esta affirmaliva, mãos invisíveis em– pastei/aram a lypographia e o \' iP.ira, chefe da officina, que tem mêdo de de– funclos, grilou a plenos pulmões: -Seu Alci:les me sah·e que o João está aqui ... -O João, não, o Diabo !-interrompeu o vi· sitante mysterioso. -Meu Deus-acrescentou o Al..:ides-o Diabo nesta casa! -Sim, em corpo e elma. Venho do Inferno para dizer-lhes que miss Mephistopheles que os s rs., meios e modos fizeram dP. aqui passar u -r a temporada, voltou indifferente a tudo que de ma g nifico existe no meo reino adorado ... SCENA IV _(:'!c~se i11stan!e, º. Padre Dul1ois que se d!1_1g1a para nos, vindo da µorla da rua , v11 ou-nos a.ç cos/ns e be11::r11 -se lepido, desappareccndo . O Diabo conli1111011 .) - _:P-Est4 indifferente, inuifferen te mesmo ... Anda c~m mac~quinhos no sotão. . . Imaginem que esta boa, tao boa, com uns a res de san ti – dade tat, _q~e S. Antonio anda rondando os meus d?mirnos · · ·. E levou novidades p'ra lá : al1nofadi~h as , melin.irosas, noivados, g réve da fome, fltrls, ~oe!as~.. · a té poetas ... Os srs. foram os culpc1do__, ...,, Mephistopheles me dei– xa r si ella 1:1e deixar, conte111 com o meu cas- ' E' na.,•~erta M tt • ti go .. • • • e 0 -me aqui e não saio mais.•• , -Esta casa e sua meu senhor.-responde de lon ge o pobre do Vieira, todo humildemente, coitado ! SCENA V (Entra o Bíanor.) -Que ha de novo ? -0 Diabo! - Que diabo, que nada ... -Vae lá dentro na sala com o Alcides e verás. (O Bia11or ficou com medo, mas foí .) -Senhor Diabo-diz o director-e~te aqui é o secret:nio da revista. (Nova confusão, por causa de um r,rcm– de estoiro . Enxofre em scena .. .) -Ahn !-com voz tonitroante, exclama o rei Jo inferno-o sr. é o Pere g rino ... o causador de minha filha vir p'ra cá, deixanJo-me só, para . .. (0 !J ianor tremia.) -Não, ~eu Oi übn. e -te nã11 é o Perf g in0 .. . O Peregrino é outro. . . Estt! é novo nc1 !:>t!c1 e~ taria. Ass im o quiz miss Mephistopheles que nos dei xou, só de má, neste soffrimento-foi a interrupção do Alcideg, aboned ira el a inculpabi– lidade do no~ so collegn , nesse negocio que só podia . aca ·:Jar bem .. . -Eu me contento com as ~uas explicações e vou continuar ... (Todos a uma voz) -A sua pa' es tra n0s agrada .. . ·- Mephistopheles fala muito num tal de Ro · cha Moreir;.i. -E' o nosso redn:: tor-chefe. - E que ha dell e? - Não está pre ,en te. Elle anda agora muit') preoccupado. -Tenho pena . Querin conhecel-o. Sei que é homem de coragem. . . Ante -hontem , S. Pedro rn:indon-me a li s ta e eu bem que vi. Lá esta– va : « Rocha Moreira, accendedor de velas a S. Ex tie ,iito ». -Deve ser engano, •seu ~ Diabo. Elle é poeta ... (Novo estoiro , nova co 11/11são . . . ) -Por isso é que os srs. vivem be 1 n : acce n– dem uma véla a Deus ·e outra ao _Diabo ... Mas, olhem, ha uma verdade que nao devem descon hece r. Mephi stopheles fala com saudades desta casa. _:_Ella aqui era tratada com to fas as honras ... ma s ... como a felicidade nãn dura ~empre. -Têm razão: só U'11 a cni.-a aqui na terra pócle resistir ao ~ol, á chu,·n, e ás eJades .. • (Todos cm côro) -Qual é «seu» Diabo? . - A sobre-casaca cio vel ho Geronc;10 • • • - E' verdade 1 (exclamação geral).

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