A Semana: Revista Ilustrada - 1921, v4, n.153, março

O b :uPANOO de hoje em deãnte esta secção, certamente sem a acuidade de espírito de Miss .Flirt e Miss Mephistopheles, e nossa in– tenção nunca nos utilisarmos, para attingir o alvo a que a <Vida Futil» se destina, dos bis– turis dos drs. Camillo Salgado e Orlando Lima. Longe de nós a idéa de retalharmos quem quer que seja, com a impassibilidade do cirur– gião que, no amphitheatro da sciencia, não re– talha apenas, mas amputa 11111 braço ou uma perna com a mesma indiffo rença com que 0 carniceiro da es::iuina faz correr a afiada faca num e:1sanguentado naco de alcatra para um peso de d0is kilos na sua _balança e que numa balança honesta não accusa mais do que mil e seiscentas g rammas. Quandc muito, se alguma vez tivermos de ferir levemente alguem, preferimos pedir por em– prestimo a uma roseirn , um dos espinhos que lhe adornam o caule, espinho que tocando a pelle não provoca mais do que uma simples bolhe de san– gue, precioso rubi ou r:ninus– culo botão de rosa-menina. Que o espírito que faz rir radie n<!sta cnlumna, não ha a esperar. Temos para nós que o humorismo é. um dcm, qua– lidade de que ninguem se apro– pria impunem~nt~- E'-se e_:1- graçado por ms'.mcto e nao porque :se o deseJe ser. Broslando estas linhas ra· pidas, lev'.!s ~ommentari os á nossa vida futil, sem preoccupação de as3i g nalar um apostolado do Chiste, dar-nos-emos por bem paga, se a leitora gen_til não ti ver um bocejo, ~e é sígnal de aborrecimento. q E se alguma leitora houver que se entedie m es 3 es alinhavos insulsos, não se tema de co declarar com desass0;nb ro, pois não só lhe nos f eitaremos o nome e a rnnqueza, como ser4 resp a is um motivo para sub ir em nossa es- esta m a . J11iss J.o-oe. t1ma.- HOMENS & FRACKS d creança eu tive sempre uma grande _De:, e elos J racks . .. Na _minha opinião 0 a dm1krª?ªc~1fio o es ty lo- rletermma as qua li dades J rac e do ho_!lle,'11 • 1 0 que nã o me refiru a essas obras . Esta e ar de arte que attestam a perfeição dos mestres da tesoura do:s tailleurs afamados, pelo t:smero do talhe .. '. O que provoca a minha_ admiração, o meu culto, sã o essas peças archa1cas que attes– tam muito uso ou que vão cahindo em desuso, Ha fracks que merecem a celebridade e_ que são dignos de uma sessão solenn~, do Inst1t~to Historico e Geographico, fazendo JUS a ~m mu– seu de rariJ ade~ , depois de um lon go artigo lau– da torio do con s pí cuo sr. Rraga Ribeiro. Se fizer111 0, 11m estudo sobre a psychologia dos fracks, ve remos que o do nosso confrade Cl ov is Barata dá uma idéa das azas do insecto nrtoptero do seu appe llido; o do dr. Laranjeira, visto ao sol, tem um tom esverdeado como o das folhas velhas d:i arvore do seu cognome; o do dr. Honorato Fil gueiras empresta ao di g no causidico a fi gura ele um escapha nelro; o do coro· nel Leitão Cacella parece ter sido talhado pelo mesmo alfa· iate que fez o de Charlie Cha– plin, o interessante Ca rlitos. Entre tod os osfi·acks, po– rém. é digno de especiál men– ção o do commendador Can– di fn Costa. E' que não se t :11a de uma simple.,; peça do Vé:, lua ri o, mas sim de um uten– sdio, que pode ser co nsiderad o l'.e utilidade publica . Assim é que, se uma pessôa se destina a fazer uma viagem, em pos– suindo um fr ack como aquelle, em caso ele um r.aufragio, lan- ça-se .i agua e não vae para 'o fu11J o, pois que o frack é um perfeito salva vidas. Ao que ouvimos o distincto commendador me tirar patente de invenção.-ilingua ae 1''rafa. ELLES E ELLAS Elles são dois. Um é dentista, o outro é «sportman >. Todas as ta rdes, quando a noite se approxima, amezendam-se na ferrasse do GranJe Hotel, na fila de bancas que fica á ma rgem da calçada, e di scutem as bellezas da Athenas Bra– s ileira, ou então parecem contar quantas janellas tem o lado rlireito do Granda Hotel. Ha dias, numa roda de «encan tadores > em que se discutia a ;noda dos chaf.,éos femininos . affin,ava o dentista que um desses adornos para ter um cunho de destacada elegancia devia ser listado de fitas de ve lludo negro e roseo.

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