A Semana: Revista Ilustrada - 1921, v4, n.151, fevereiro

º~º oe1oc::===oe10, A SEMANA OCIO 01:10 -Falo-lhe? 01:10 E teve razão, porque, passa. dos quatro dias, Adosinda e se u Borges vinham á noite, ajoelhar-se-lhe aos pés e pedir– lh e a benção como nos drama• lhões e novella s sentimenta es. , Ili Para que o conto acabasse a c onlento da maioria dos leito– res, o commendador Ferreira deveria perdoar aos dois na- · morados, e tratar de casal-os sem perda de te n1po; mas in– felizmente as coisas não pas– ~ara m assim, e a moral como ,•.ã o yer, foi sacrilicada ao egoí s mo. . O commendai!'or com o san– gue frio de quem longamente se prepara para o que désse e , ·iesse, tirou do bolso um re– vólver e apontou-o contra o raptor de sua filha, excla- 111ando : . -Seu biltre punha-se imme– diatamente no olho d a ma, se não quer que lhe e u faca sal- tar os miolos!... • 1 A um arg umento tão inte– pestivo e concludente o na111O– rado, qnc tinha muito amor á pel le, fugiu co 111O se o arreba– tassem azas invisíveis. O pai foi· fecha r a porta, guardou o revólver, e aproxi- 111ando-se de Adosi nda, qu e, encostada ao pi~1110, tremia como varas ,·erdes . abraço u-a e beijou-a com um carin i10 que nnnca manifestára em oc– casiões menos irnpropr ias. A moca esta\'a ~ssombrada : esperava pelo menos, a mal– icão paterna; era, desde pe• · · ,una orphã de nüie, e ha.– &;~~a, .. -~e ás b1~1:1talidades ,fo p ai : aqu, lle be1JO e aquell e abraço affc ~tuo'sos encheram– na de co nfu s, o e de pasmo. O commendauor foi o pri- 111eiro a falar : - Vcs '? disse e ll e, apontando para a porta; vês'? O homem por quem abandonaste teu pae é um covarde, u111 11,iseravel, que foge diirntc do cano de u1n re,·ólv e rl N:io (, um bo– lll Cm !. .. - Isso é murmurou Adosin,– f f él ba ixa ndo os olhos: ao 111cs- 111O tempo que <luas rosas lhe d Ps fazi a m a pallidez marmo– rea do rosto . O pa i sentou-se no sophú, c lrn111 ou a filha parn junto de si, fel-a sentar-,se nos seus joelhos, e num tom m_eigo e unctuqso, pediu-lhe que s.e es– quecesse do homem que n ra– ptá.ra, um trocatintas, um theguelhê qu e lhe- queria o dote, e nada mais , pintou-lhe um futuro de vicissitu!Jes e miserias, longe d°b pai qu e a desprezaria se semelhante ca– samento se .&:ea li zasse; desse pai que tinha exterioridade de bruto, mas no fuudo era o ' melh0r, o mais carinhoso d.os pais. No fim desta catechese, a moça- parecia convencidJ de que nos braços de seu Borges não -encontiaria rea~ment e toda a felicidade possível; mas.. . ' -Mas agoia ... é tarde, balbu– ciou ~lia; e voltaram -lhe 'á Felicidade Bentes'de Oliveira Professora de p1ano · canto e bantloliu Lecciona em sua resi– dencia, à rua Padre Prudencio, 155 e .casas particulares Preços modicos l ~FORMAções Livi-aria llfaranhense, de A. F'aciula, rua Cuasellrni– ro Juão Alfredo; Casa I i– eira 1l Empol"io Musical, á lrav. 7 de SP lem ro, 7 face as purpurinas rosas de ainda ha pouco. / -Não; n ão é tarde; disse o comnrnnclador; conheces o Ma– noel, o meu pri,11eiro caixeiro do armazPm ?. -Conh eç~; é uí11 e njoado . -Qua l en.ioado I E' u111 rapnz de 111uilo futuro no co 111111 er cio, um homem de conta, peso e medida! Não descobriu a polvora, não faz vetso!>, não é janota, mas tem um tino para o negocio, uma perspicacia que o leva longe, lias de ver! E durante um quarto rle hora o commendador Ferreira ga– bou as excellencias do seu caixeiro Manoel. Adosinda ficou vencida. A conferencia terminou por estas palavrns : · -Fale, papai. IV No dia seguinte .o commen– dador chamou o caixeiro ao escriptorio, e disse-lhe: -Seu Manoel, estou muito contente com os seus servicos. -Oll l pa lrão l . - Eu nã o sou ingrato. Do dia 1. 0 do mez que vem em diante você é interessado ua minha casa: dou-lhe cinco por cento além do ordenado. - Ob ! patrão! isso não faz nm pai ao filho! ... -A inda 11iio é tudo. Quero que você se case com ·minha filha. Doto -a c0-t11 cincoenta' .:O11lOs. O pobre diab·o sentiu-se en– gasgado pelâ commoção: ' niio pôde articular uma palavra. -1\fas eu sou um homem sério, e a minha lealdade obri– ga-1í1e a confessar-lhe que mi– nha filha ... nâo é... O noivo espalmou as mãos inclinou a cabeça para a es– querda, baixou as palpebras. ajustou os lobios em bico, e respondeu com um sorrisp re · !.>ignado e humilde: -Oh ! patrão! ainda mesmo que o fosse nii9 fazia mal! --lf- lf-lf---r-- .Possuir 11111a collecção d: A Scnrnna é dar prova de ter bom gosto. Por isso todos a devem procurar em sna secção de vendas. - --o--- No atelir,r de nm pintor incom– prehendido : -Gosto immenso do seu quadso: mas . . . a meu ver : o ori g inal não é tão avermelhado como o sr. fez. - Como eu o fi z·: i\lns a qne se refere o ~1·. _:A eu tio"? A que cli nbo havia de ser ~ • - I sto não é men tio! E' o por do so l. ••• O srs. A. <' D. discutem a s110 nutoricladP i::o njug al : _- N ~ minlrn. caso, diz A., os pa– i roes sao don$: a minh a mu lher é o numero um e eu o numero dous. · -Pois na minha, diz B ., os pa– trões são 10 : minha mulh er repre -;enta o nnmero 1 e u p .. . o zéro. •

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