A Semana: Revista Ilustrada - 1921, v4, n.151, fevereiro

" CHRONICA·DE SAUDADES espairecer, deambulava eu, uma tarde des· tas, em um bonde, a alma um p0uco · fria, não sei se de um chu visco madraço, va/:!'a.· bundo, que gottejava de ha horas, se de um m~lhado de va"'o aborrecimento que me entorpecia os ner vos, quand~, ás subitàs, me acalentei, onvindo_. uma vo7, deliciosa, que·nte de juvénilidad.e e harmoni a. , que tur.– tu rinou, á minJia vanguarda, em um ba9c.o ,; • -Papae ! que falta nos está faz1,ndo o P1menlão ! - Qu e pimentão. filha!? Ora essa ! • O Pimentão da «Conversa fiada ", que -ile vPz em vez, muito amavel, me– xia, brincava commig-o e minhascollegas, isto é, com as normalistas •.. Aquelle escriptor ·espiritupso. que mnito se preoccupava CQM a formo sa Belem, queren– do-a sempre limpa, ajardi– n~da, bem calçada, me– lhor edificada, toda. remo– delad a, emfim .. . -Ah! sim. Lembra· me; ag_ora: o J 0ão 0 Affon– so o Joafnas. Uma bel la pe 1 nna de humorista. Re– cordo-me, sim; o cisco da velhice é que já me tinha empanado, obscurecido a memoria . · - Deixe-se disso, pa– pae . . . Você não tem eis· co . . . Cisco tem, agora, e muito, aos monti c_nlo , aos montes, a nossa cidade . . . que está sujll, immunda, toda coberta ele capim e matta O'[.I, tod a cheia de tnjucd, lama e podridões, que e'tá. a,sim, feia e desmora liso.d a, como nun– ca esteve . . . l'or i~to é que repito:- que falta nos faz o Pi111e11 /ão da •Con· versa fiada,,! ~e a ma. chronica ainda exislisse, h avia de reclamar, de exi– gir. djl nLrir os olhos n. mn ita p:rntr... lla. se,s aunQS está a cidade as. im 1 111iiiit,i: g·i·ande folta ni,s fa t ..,-.11e11/rio '. o João Paraense a collaborar na «Conversa fiada» , do Pimentão, p0r mezes e mezes. Dahi. este pru rido de escrever a jornaes e rev is – tas . qu~ não mais me abandonou; dahi. o quP.rer pro· gredi.r, alça r-me ao livre espaço das nossas lett, n , o qu erer ensaiar-me em contos e novellas. ta l o faço hoje 0 o prazer espi ritual que in coercivelmente rne at– tráe _.e e_mpolga, e, dest'arte. me di -sipa os rlis ab ~1·r e .con trariedades da vida . . . A. e,: e tempo, em 191 3, - fai:'quas i oito anno. !– _t ermina.do .<JU~ foi o meu te r~eiro conto. o • Pae 'l'i- berio•. pei;n ei de mim e delle. e, tol hid o, o coração - (}JpreEEO, ªº" batuques, fui-me ao Pimentão, atar– t amudear;-Isto é meu .. . Queria ver se podia set· J ublicado ua «Folha» . .. Gentil. ~ernpre delica– do, o ,:clntillante clno– nista annuiu de prompto, n examinar a coma .. . Dias após, encontra– me- noi::,- á--r'.l-a.- .Conselheiro João Alfredo; ! Que ta l_? l'i11? inquiri, o cornção aos pulos ! .• O bom qo vell1ot'e sor– riu, meio exquisitão 'como ' é, e eu, por via de ~kr um exq ui sitão inteiro ~ aug- ro entado, fiquei ... n Jm sei bem como fiqu€i .. . f -Aquillo está bom ... mn ito bom ! Olhe .. : está oqu i no bal o. to~e .. . Pa se a limpo, lcttra bôa, pi)) tiras. e e crevn, só de um lado . . . é nssim que ~e use na imp.iensa. '.. Uudu. ,;ympatliica P intelJi"ente senhorita que assim "'falastes, que de !em· brao.,:a docrs, <Jne de ale – grias saudosas me não t rouxebtes ao coração! Eu Bom muito bom era o bouis imo Pimentão: e"– se talentoso e infaLio-avel .loa/iws, es pírito de nttista innuto, a qn em. de- uma i'Pit,1, no Rio, · falando a ,neu saudoso pae, assim ,-e referiu o grande 1 con– ti sta e romanci ta mara– nl1 e n e. Aluizio de Azeve– do, se u amiiro de infancia " moeidade:-E,se João Affc1 nso, se n ão fôra um ex– q uisità.o'.lromo sempre foi ; Sr. Sydney F all, distihet9 comm-erc ia n-te de se tivesse vindo p'ra cá; 115)~Sa prc1ça, que segui 1 1 · pa r a ·a Euro p a , e ouv ido ti ve e os uos- v1a ~ew-Yorl~. Seus nume 1:oso s am i gos e sos co nsel hos, meus e do ad mirado, es fizeram-lhe am1stoso pota-for!cl. A rth n r, tPria fe ito por sP.m tambem pertenci á 11Conversa fiach,,, tambrm lá es– crevi, n-ão poúca veze~, guiado por esse velhinho amavel, bóudo ·o, que me foi me 'tre preciosíssimo, como amigo já me era de ha muito. Comecei o. lhe enviar as minhas cartas, á guisa de chronica'l, e elll', sem saber quem era o João Paraense, as ia publi– cando. incitando-me sempre. Depois, para lhe ser sin– cero,· endAreêei-lhe uma missiva intima, particular, revelando-lhe o meu nome authentico. F, a,:sim, exul– tando á reiteração de attencio ' os conYites, continuou d uvidn , aq ui, no Cnpilal <lo Brasil , nma bellis ima carreira. 110 jorn alismo P. ~as lettras. li-Ia , qual! exquisito, t'a~m u rro, deu de ,r para o Pará, a envolver- ~e 110 comnw rcio, elle. q ne nasceu para amar as artes, pa-ra ler e e ·crever, pa ra de~enhar e pintar. Em todo ?aso, estimo qne e-n Belem ell e tenha fi – xado resideuc1a, para que pude:ise Jevol' o meu conto á_ iFolban... Ademais aqu i t a rnbem Sfl brilh a, nas lettra como na' arte- , e elle o h a conseguido, como pouco

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