A Semana: Revista Ilustrada - 1921, v4, n.148, janeiro

C,C,:0 OCIO OCIO CCC - Oh! Cambela 1 • • • Aos dP:r. annos cenier,;ou a sentir– se mais forte. Entrou então a vivAr r elo ,nallo, S•' l''Jrado do resto da gr• nltt, ,,vita11rlo P111:ui1lros, fallpndo ap~na~ quando 11:io podia m,,sn111 deixar d1-1 o fuzer. Pela 111a11hã, 111i>tlia-~e pttla varz,•a a dentro, µercon ia todas aquellas 11icadas de que era vaqueano, co1110 1ii11gue111, procuraudn 111u11déos, des– arma11do-os, rou1Ja11do a caça 4ue. eller por a<:caso Linharn. para a jo– gar fóra. De pois, ao pino do dia, quando os homens andavam 11a liua, IJHl as ro– ças, vinha para a praiµ m1 lar sirys, 11uebrar, esmiialhar conchas e ca– nu11 ujos. Se punham a rêdP. afastava-se e ia para o nrnrrõle da Btilla Vista( que cal11~ a pru1110 sobr~ o 111ar, H pu- 11ha-sH a atirai' pP.dradas ás tartaru– gas que, aos cardume8 11adava 111 tar- 1.la ~. µP.sallo11as, llll agua lrnnspareu– te P clara. Nf>ssas !ougas horas dA solidão, começou a pensar na vida. De si. lia– Lia ap,mas <1ue era neto da Lia Luzia. Mas de quem nra !ilho '1 Seu pai, sua mãe, quem eram'? P1Jr quHmo– ti vo ningu em lhe fallav~ 11P.llt<s't n e~olveu inlHrroga r a avó. Esta, co11strangida, disse-lhe apenas o uo· me da 111àe. -Elia disfarçou, fallando-llrn da Laurinda. Elle iusistio; queria sabAr ao menos o 11orne; hasldV;r-lhe isso. A muito custo, muiLo rugo, a avó rcsvoudou: - João Guiné- mais nada . Esta seccura, esta visivel repug- 11auci.i da avó em fallar-lhe no pa i, de~perlou-lho um do~ejo e11orme de sahHr toda a sua hi ~loria. U111 dia, junto ao varal do~ rêdes, topou o Zc-Grandr, a conctJrtar uma tdri afa. · Estavam sós ; não havia por alli quem os 11udt>SSll ouvir. -· ~J,..cê= cu11hPceu u,n tal João Guiné? p1:rµunlou de repente, a voz u111 11uu co tremula, anciosa. - Ora se, res11ond.eu o velho pP.s· cr1dnr, tirando o pilo da b'lcca e l:w llª11do a ;1gulha. li:ra o vos!.a carn 1•scripla e escarrada. c·uma diffw ro•n r;.i, vós sois fui,, e elle era preto , t'li 11lo e 11ão era caõlho •.• Nã,, riuiz saber mais. Deixou o ve· Jhn a fallar e bolou-se clalli upn,~sa· cio cu111 lal{rimag nos olhos- la:;ri• ma s ri r, r:ii va, qur. não de clór. -Filho de um negro! por isso o desprezavam aquellP.s empalarnado<1 t olos! por isRo ! aquelles càes! E 11 11nca closcoufi:ir:1 ! !•ilho do um 110· ~ro ! 1•:11,, que ta11lo 11ujn linha aos pretos. e sua mãe? Nuut:a a amara, t• certo, mas agora od ,ava-a •• • - Oh! Cambelu ! ouviu gritar uma \07. muito cou lwcida, a do Jul111lr~. -- E' a tua mãe! re~pondau fun· uso. O outro coHeu sohre elle e esbo– feteou-o, dizendo: - E' a tna. 11egri11ho malcriado ! Nunca lhe havia111 chamado 11t'g ri' nho. Aqu~lla palavra, dila assim, ua cara. que,mnu-o como urn fr.rro em braza; doe u-lhe mais, muito 1nais qua as bof,•ladas. Deu nm urro A, num ass'lmo de coragem, elle, o fra• co, o medroso, o covarde, apa111lou um grande pNla1;0 de carvão de JJO· ·Eira e atirou o, com qua1,ta força 11· 11ba, á cabeçll do inimigo. O Julinho cabia, banhado no ~an· gue que corria, ver111elho e quente, , da larg,1 brecha aberta na lesta. O CambP.la licou a olhar para ella para aquella ferida gullajaule qu~ era a sua dP.saffronla, cum i;razer, com delicia, desMogadoatéq ue umas ruãns o agarraram. Sf>ntiu entáo muita~ pancada~, muita~, 11a c::ira, no peito, nas cus· la~, 11or toda a parto, fortP.s, brutaes. Era a Maria José. Só largou o alei· FelicidadeBenles à~ Oliveira P,·ofessol'a de pi11no cauto e lmndoliu Lecciona em sna resi– deucia, a rua Pai.Ire Prudeocio, 155 e casas parLiculares Preços modicos 1Nfl0R)IAÇÔ0S Livraria 1llartrnlte11.se, ele A. J<'aciola, rua Cunselhtii– ro João r\ lfrel.lo ; Casa I i– eh·a e fünporiô Musical. á lrav. 7 dtJ St>temro, 7 'jaclo, quando o !ilho voltando a si, cha111ou, a chorar: • - Mamãe ?••• O Lauriodo ficou cahido na arni!I escaldante. Quando a Maria ~e afastou. levaw do, apertado, unido ao 111iito, o fi• lho eusa11g11enlado, alle jurou, he i• jaudo os dfldos em cruz; , -Seja eu IP.proso, se tu 11ão mil pagares, cacho1 1 ra ! e acomranha· va a jura de um ge~lo ameaçador, lerrivel, com a mão direita tispalma· ,da uo ar. • • • Pas~aram uns dous annos. O Laurindo trabalhava agora na ri':de. Fazia o sen •iço elas mulh11res vnllrns: contar e empilhar o µc1ixe. Aqulllo_ rendia muito pouco, mas º. seu quruhào, junto ao da tia Lu· zra, dava para el1es co111ere111 Vivia mais d11scani;ado O Ca 0 111hAta. . ~ Juhuho, o seu lulmigo irrec:ow c11tavel, funi para a cidade e lá se· OCIO 01:10 la va, havia lres mP.zes, em11regado uuma vr. uda. U111a lal'de. ja á boquinh11 da 11oi· te, lanceavam na praia. A c:1110a da rede, dAixando en, tf> r' ra o caho. partira ús guinada>'. gal· l!Ulldo. 11$Calu11du as ondas vu rd11s debruadas de l>n111co. · ' Agarrados au chiculP., hllnwns e mu_lherf>s e~peraviun 1111e o la11c11 e~l1vess11 ferlo para cc.meçar o arru,· to, quando ulguern disse, apo11La11do: - Lá vem a Gaivo/a. Efft>cliva101mts, uullranclo ti l'oo– lal, appare1:ia a ca11àa quP, 11a 1•ps• 1,ora, là r_a lev;1 r o µei:rn ao 11111rc;11Ju. . Ella.v111ha a _Loda força. ;1 Gaivola, 11npell1cla por Vl;!Ol'O~HS r11111a1!;1 ~CtW tas_ e mt>clrdas, l,iva11ta11cl11 [r prõa meio µal11_w d'ag ua llorh11lha11te. J~ 1 i 1 p~uco, ahrcava 1111 a mia 1Jr.11wa "llw 1111da dJ praia, a u11s i:11111 111etru:, dos pHscadonis. . O ~uurindo, que se acercára, ow v,u <11zer a um cio~ ca111aratla~ : - Ago ra , vejam sA vàu clizl!r cJe so· pt>lào, o 1111gocio du Juliulw. - Que :1conlHC:PU ? · perguutou o C11mbala, i11Leressado. - i\'lurrr.u , cuita'.lo, rle ul'x ii(a, tra-i– anl11-ho11tP.n1 , 110 hospital . (Jue,11 Ira· vra de dl znr I O pobre! ,\las uão dina nada á 1\laria José•. A l(Bllltl váui~~ preparar ella, pri 111eira1111111 te. - Sim - 1Jrunwlle u o Lauriudo e P. ncamlnhou-stJ aµn,ssado para a ré· de que começava a st>r arrastada com P.sforço, 11ausadame11tti. A ~la ria José l'Sta\la e u Lrn uq que JlUX3\'am O cah,. ~ Sahe da granele novidade nhà Mana 'l ' Elia Pstacon admirada. Do(luis ria ~rlga COIIJ o filho, llllllCa mais o Ca111h~la lhe fall i11 a. 'l't>ve V<111laol1• Je lhe _11ao rospuud!lr, ma~ Vt•IH'.PU a o àase10 ele ler logo, logo, nolir.ias Jo filho. . Era dPlle que so lr:itava, Ct'lll cer– toza. E' de Juliuho ? - E'. Ellu 111orn,u de L>ixi 0 a trás ant... · 0 ' • ••• - _Morreu! Oh!... - P, 1111111 estre· meçao, a pohre mãe calnu desampa. rada, na ressaca. Os q11e estavam mai~ pro\imos cercaram-u'a todos... Todo~, mPIIO-" o Ca1uhela que, vendo-a to111har, go– z~ruJn, sal_rnreamlo aqutilla vi11ga11ça, tan dHSt>Jacla, tão a11cio~an1e11•P. es– perada, sorriu. radiante, foliz, su1riu de um prazer feroz, si nistro ... ~ra a primeira vez c1uu aqn..llPs labr<)S 11ros~u~, rôxos, lauta vei. cuw lrahtdo~ 11rlo desespero, pela rlôr e pelo od10, se abriam para rir ••• ---0>---- Possnir 11111a collecçilo d' A Semaua é clar prova de lt:r bom gosto. Por isso todos a devem proc11ràr em s11,1 secçúo Je vendús.

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