A Semana: Revista Ilustrada - 1921, v4, n.146, janeiro

OCIO OCIO Pura, aquecei:, largo,1 n c·orrer. D esce.o assim todo <> morr 1 , . Quando atravessavu .;i. /JUl:'imaé!a nova, um ruido fel-o N?tl!.c1ir, me– droso. Olhou: eram trP.s pO?l)bus legitimas, que. assusta<l:1s, cr:?uiam o ,ôo, rufhando as azas, estrepito. sarnente. Riu do seu mt•,lo. Seguiu; ia agora a pn:'Bo mimfo, mas ligeiro. ['assou o' H11rndi 1 ,c1:!. c, campo dEI capim melc1,l,1, Ôtrin·es– sou o jundú e chegou ít pra ia. O ruar, de nm n:r.u1 ( t1'\ll!;do para ,erde, estava tol!a'l<1 ti11 \lrn– !:iíO de fóra, todo o?rit:•t•J,l. Ergn ia. ondas euormec:; e viuha t111e-l•r11 I vs, desatinado, de encontro ús Pt•dJ-llS do costiío, n egras ,le 1m11·i$CO, l't:· la.mbuzando-as de l't,;puma. O cêo, de um 11 :r.ul Cles11:1niado, coloria-se para o !ado Jo 1;!lsci,ute ue nm côr d e ro5n vim, que ia grac1P.tivam<'.nte desmainu,lo 1•11ra um r oxo leve, muito teauf'!. (Do meio do juudú. l)ue pr11 -~~ia uma immensa cabelldr:i n-rt 1 e, aparada de pouco, <•r!;ui:i.1u-se, ~e– melhantes a pennach lS de. capr,ce– tes guerreiros, as ,>h1:n,1s br&ncna elas UVÍLS. ·caminhando, o J an;;o ex,unluava ntteutamente, o cisco, ,1ue a. mu14 d ritá rn á praia a vêr se eucon. trava alguma cousa i,1L 1•re,~1.1tfe para le.vnr fL 'RUinha. Atraz, na so.hltln (1:t pra i:1, .itm– to ela porteira, vira e ,lcb:Ara rnn r– eada, para colher ,1 roI;;1., 11mn 1'JiJr de gragoatú -n flor preqi!f!c~n dn irmã, .. ,. Seguindo a recommcu,hç:ão r:o pa,e, tomou pelo ata lho df'l.Jru:1do de grama e qu·e cone, C'!l zlg-zng. por baixo <le rnrunlhu1las, copadas arvores. ,mm ,pouco, estavv. na ontn prioi9, cercada de morros, (Jll<\ 11 t cchlim <Te Indo a Indo, livraudo-n elos nm tos ele füra, torna.nclo-'l man;a, ..e: rena e lhe dão o <1spe,:to d e um a ferradura colossal. Avistava já n caso.ria lmmca c1n ·\'ilia, ainda adormcchla. Num pulo chegava 111.. Pa.ra 'distrahir, ileu rle n1u1nr pela re.~acn, a Pt;bo,·-loar coru o uastiío os slrys que, 1 0 vet-o. fugiam 11medrontados, erguenoo. uggressh•os, n.s Jrnn,les 1111Jrns brancas, ve-ludns ele, u '-UI. , ·agaroso, lento, <>rg11ia-i;c, i<obre 0 mar, , o sol, afogu~i~n,lo 11.s agnns movedii:as, a areia í.'lat11 e ,'l fnn– tnga.l distante. • • • 01:1'.0 EMANA OCIO 01:10 OCIO Chegando ít villa, o Jango foi direito á phnrmacia. E stava fe– chado,; bateu com forç:a. Abriu-se uma janellinba e a e:abt'C:-: 1 elo l,o– ticario apparcceu. O peq:.rnoo de:1- 1 he a receita. -Quinino... E' preciso ptf'~a– rnr. Demora um. quarto de hora. -Etí espero. -Víi então lá í)ara a frente, que eu vou abrir n portu.. O J1tngo entrou e :Senton-im no llnnco d e espera. Pi>z-:::e iL olhnr, admirado, a quella variedade d e frascos, vusilhns, boii,es N1flleirn– dos nas prateleiras ,'11vi1lr:•r;a 1 ' ns ela nrmnç;iío. Junto •lellE', 11iYidiJ:c10 n sala, uma g rade envernizada; por trnz, um bnlc.lo , 1,m•l•> em <:i– ma uma balnu!:o. '1? br,v:os e c1,11- cha-s douradas e rl on,; enormes frascos, um azul, outro vermelho. Sobre a porta. do fuudo um :·é'IO– gio. Nn snla ivi:r.inha , 0•1'.le " 11k1rmn– ceutico ,preparava "JS c·np~,11-ts, 11m curió cnutav-a na sn:1 gaiola tle v.ram<',, presa no terto. Em frente ii cnsa, no l,irgJ c·o– berto ele tiririca, z11lli:1h.1s c;•ca– v11m, cncnrejo.nclo. Não havia nincla 11·1ss'.lcll) o Qt,nr to de horn, quamlo o bo~ic 1~10 :ip: pnreceu, embrulhnu lo 1111111 cn,xi– nhn. - Prompto. -Quanto custa'! -JJ)ois mil rdc;;. O menino Ie,,ou 11 miio 110 hnh•o da cn.mlsetn e lliÍO fll•!Oll..L'Jll o êti– uheiro. Oorvou a C!tbeçn , ahr in o bolso e espT<',itou. N11cl11 ! Procurou no 0 1 1tr,, : 11~•d11 tnmbem ! Remexeu :is r..lg1hrir:is elas cal<:ns; e:rnwi ·wu o r!Jiío <>m volta. Ainda nada! Niío c·.nco11lr•1- vo. a maldita notn •.1ne 11 ll 1e 11Je déra 1 Empnfüdec!.'u; o ·:iueixo foi-~e-U1e :franzindo aos pouco, ; os pn•pe– b ras r.uc11eram-se l' 1gna r. ll'v:u?– clo o bl'l1,ç:O aos oll.los, desatou a chorar. - Per... di... J ... oinh!.'i. .. ro ... - soluç;oo, 11rq,1ejan,lo. - Bom"oosn ! muito 1 .1onito ! Yc•ja lfi nos bolsos... .Xiío <•ilti\? Vii L'l1- tiio procurar nlli 110 Juc1Q, er,1 bili– xo da. janr,lln... Anele, 111~xn-se homem!... Quem sabe se cahl~ quando você tirou ,1 r eceita... V ít, vii ; deixe-se de chô1·0. Foi, apC",mr de lhe pnrecer bnl– dado nqulllo... - Qn•ll, cahirn no caminho! ... Que fa;r,{',r agora.? PecEr 110 l111mrm que <1&lsc o remedio, prvlllet 1e·1do pagai· depois? .. . i.\Ias 1,llc ;1it0 o dava, com ce1-teza. . . g, se dés~c, como pu.garin?... Pedir o 'liulh•iro a a lgu em na villa?... A q•1r.'n?... ~iio conhecia ningu"Ju. . . ::\i\o n lernr? E se u Ritiuha morre.,ec por falta clelle?... Jilsc;;o. lmnbr11nr,a neg,·a, :igoirt>irn, fel-o tt-emer horroriz.1t10 ... •Sempre a chora r, volt,rn i\ 11h11r– macia; estava ,1es":'!.,'I, o hvmt:m auclo.vn lit por dm1trt> :i li1l.1r ... Sobre o balciío, cmhrnll!:,,l:t cm -papel nzul, a caix:nna, a c:r,ix:LJOIL em que estn'"a a :,'lln:-:;ií,), 11 , jú:t ,ht irmã auorada ... -Acudi u-lhe uma ;d6 L: r r•pdlin-r. em•ergonhatlo sõ de n ter <·ouce– biclo. IDlln, porém, voltou in~i.,iC'll<', persuasi va ..• -Tirar sem o hotll'~l!'io ver ... i\fas era, um furto l , . Pelos olhos pno,son-)ho 11ma t?U· vem escura ... Viu a i•:ml :i:1 c·:1- mu, pallidn..•em forçJtS, a lllll:'re r; ú porta o pa<>,, numa 11Hli~1::i,1, 1111m desespero. n olhar f> t:1mi'lllo. 11. espernl-o; a miíe. ao 111í Lla c11rnn n chorar e a rezar. . -'Em um furto, 1•ra .. , ruas f'rn tombem a ,·Jc1 3 da RW,1irn... Não hesitou m11is. Os c.•,br :Jo;; cric:adoo, os olhos r~fi:i~rtl1.rndos, n. trt'mcr, cncolhE'.ndo-,;e, (J:15S0'.1 1•u– tre dous pi\os ela gr:-11l_e, r ojl>tl-~e pelo chão, como uma cobr·1, .;us– tenclo a re, piro.ç:ão. To,uJ11 11 c-ai– xiuha d<', sobre o bnlcilo. \',•in ías- • ~nudo atl! á grncle, r,n,sou-. 1 ontr:r \"CZ, Klsto 011\'Íll nulha cll'llllºO. ne um sa.lto 11lcn11i:ou ;1 1·1111. o •·h1q1~0 ficara sobre o banco; r,iio i e::. r.,~o. Lnrgou a correr ,•1.1·n ,1ua11t.1 fnrc;n tiultn. Parccio;-lhc qu,,' ,1 p•.•r, t'· guiam; faltava-lhe uui:no (1,, ril•:ir para traz. \ Sempre í1 clispo,ra,la. ,,ff,'g1,11tc, suando ele cnnsn<:o e-. •lc !11._>tlo, :,!l"t vt'Ssou o atalho e ,1s pr,1iflc:. '\/iio via 1111.cla, não snbin (IU!lc •?st:n u, seguia, guindo ape:rns 11n],.1 i111,tin– cto ... D e rcpent<' rro;:ie,:01 ,. t:1- 11111; ergueu-se rnpido. Ln111:011 uw olhnr em tllrno. Estnt>n JIO n1·.1u1io cal elo sitio I estavn s,1 k,l ! Veiu-lhe um assomo ne cnrn. gcm; olhou paru tr,1:1,, rJ,, r,:,l:111N•... Ninguem ! Os -,eus ,, 1 11os 1111il10 abrrtos encontrnmm np,,1111~, M em baixo, junto da portei,·~. n tl,1r e~– cat·lntc do gragoa,M, rlr:,~1,carHlo.sc em meio dn fol)l'lr,p1n , t'rUt>-:v•rrn do juuthí como uma 11011011 d0 sangue ... GRANDJ; FABRICAS, VICENT~ M. Sa~~~~.;~R~::>bato das afamadas compotas de fruclas paraenses Te lepbonc, 131. 7 9&, HUA PAES OE CARVALHO. 95 Telephouc, 13 ~ 7

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