Boletim Oficial de Instru. de OUT a DEZ de 1907

494 BOLETIM Póde-se dizei· que foi da relig·ião ,que o patriotismo nasceu. Sentimento natLtrnl no hom~m, o ap2g-o á. terra natal, t rans– figurado peb d()g·ma pagão que tornava obrigatoria a defesa dos la– res, dos tumulos e do3 templos, mu'. l.ou a Grecia inteira n'uma pha– lang·e heroica, impenctravel. A unifto de todas as cidacle;; rivaes contra os Persas invasores a força ele expansão que levou a quasi todas as marg·ens do Medi– terranco, colonias colias, elorica;; a retirada cio Dez 111il, effectua:do entre tribus h'lstis sob a constante ameaça de traiçoeiro ataque; o desprezo votadíl aos barbaros; a resistencia clesesperaqa opposta .a todos as investidas extrang·eiras, ao mesmo tempo que desafiam a nossa admiraçiio, pela desproporção entre o numero dos comba– tentes a importancia das victorias alcançadas, sfto as provas histori– cas do patriotismo exaltado que animava os montanhezes da peni– sula e os tornava invenciveis. E' natural que os gregos, tào valorosos soldados como harmo– niosos cantores, tivessem acertado, para celebrnr o seu paiz, com palavra, e expressões que, trniuclo a emoção interior, destuando da elegancia e da correcçlw usual da litterntur:1 hellenica, correm como lava ardente pelas campinas em flôr. e O' amigos, exclamam, 900 annos antes da éni christi'L, os he– róes ela Illiada, lembrae-vos elos vossos filhos, das vossas esposas, da vossa terra, dos vossos paes vivos: elos vo3sos antepassados mortos. Em nome da familia e da p:itria, peço-voa, fazei frente ao inimigo. e Feridos, morrer sem pezar. A morte é gloriosa, e suave, quan– do salva da profanação o solo sagraêlo que guarda os ossos dos maiores> . Ma is penetrante ainda vibrn a nota patriotcai nos escriptos de Saphocles. cO' luz! ó patria! ó lar paterno! O' illustre Athenas! Compa– nheiros da minha infctncia, nascentes e rios do meu paiz, planicies troyannas, testemunhas da minha vida! «Antes ele morrer, misero e triste, dig·o-vos o roelancholico, o supremo adeus». Não arrefeceu com a eclade, no coraçi"w do poéta, o sentimen– to puro bebido na<; aureas patl'ias, e não conheço trecho mais com– movedor que a descripção da hranca aldeia ela colonia traçada pe– lo genial eco tenario. Mas é sobretudo o ideal litterario e artístico que se apossa da Grecia como de inalienavel feudo. Deixando de parte os outros escriptores, omittindo o proprio nome de Homero, cingindo a nossa observação a um período ele 200 annos e aos estreitos limites da Athica pedregosa, os nomes illustres pullulam ao ponto de tornar-se impossível a enumeração mesmo incompleta de tantas g lorias. A esculptura chega a perfeição com Phidias; o pensamento b ) ...

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