CUNHA, Raymundo Cyriaco Alves da. Paraenses illustres. 2.ed., corr. e augm. Pará: J.B. dos Santos, 1900. 160 p.

-100 - O OURO E O CARVÃO O luzente metal, o rei do mundo Ao carvão disse um dia : « Como lastimo. ó mineral immundo, O teu destino e baixa serventia! A' gente que se preza és odioso; Si alguem te pega, logo se enxovalha; Ah 1que emprego famoso : Servir para a fornalha! Mais liberal commigo foi a sorte : Me adora o grande, almeja-me o pequenG, E até da propria morte Ohorror encobre o meu fulgor sereno! Do santuario as galas abrilhanto, Do solio avulto a natural grandeza; Converto em riso o pranto, E em virtude a torpeza! Sou eu a luz das opulentas salas Onde tine o crystal das finas taças; RiTaliso do sol c·os fulvos raios Do joalheiro nas nitidas vidraças ! Sou das damas o enlevo e a ternura, }""órjo do amor a mais aguda setta ; Sem mim a formosura Não se julga completa! , « Basta, diz-lhe o carvão, ouro vaidoso; Assim te fez a gente Ometal te chamando precioso, Como si fôra merito o accidente ! E's o senhor do mundo, na verdade; Serves ao luxo, serves á vaidade,

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