CUNHA, Raymundo Cyriaco Alves da. Paraenses illustres. 2.ed., corr. e augm. Pará: J.B. dos Santos, 1900. 160 p.
- tl- guido pelos remorsos o verdadeiro assassino, que não sabemos quem foi, á hora da morte, descobriu todo este mysterio, declarando-se o unico culpado. Foi então que se espalhou que imitavel e sublime exemplo de virtude e de fidelidade aos doces e ternos laços conjugaes legou Maria Barbara á posteridade. Aquelle perverso quiz violental-a. Luctando sempre com heroismo, ella foi primeiro ferida levemente e depois horrorosamente degolada; mas não subjugou-se. O poeta paraense Bento de Figueiredo Tenreiro Aranha, fallecido a 25 de Novembi·o de 181 t, á vista d'este lugubre acontecimento, - que ao mesmo tempo move applausos e compaixão para uma e odio e mal– dição para outro, escreveu o seguinte primoroso soneto, que por si s6 constitue uma verdadeira épopéa. Se acaso a'}ui topares, caminhante, Meu frio corpo já cadaver feito, Leva piedoso com sentido aspeito Esta nova ao esposo afflicto, errante. Diz-lhe como de ferro penetrante Me viste por fiel cravado o peito, Lacerado, insepulto, e já sujeito O tronco frio ao corvo altivolante Que d'um monstro inhumano, lhe declara, A mão cruel me trata d'esta sorte; Porem que allivio busque á dor amara, Lembrando-se que teve uma consorte, Que, por honra da fé que lhe jurára, A' mancha conjua-al prefere a morte.
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