O Ensino Revista mensal de pedagogia, literatura, artes e officios 1918-1919. Jun-Dez

O ENSINO 93 ~~~~~~~~~~~~~~~~~~-~ Classifiea<?ão das . . se1ene1as Em face dos phenomenos do Uni– verso, tão multi plos e tão variados, pode a intelligencia humana cin– g ir-se a esse conhecimento vulgar empirii::o , fragmenta.rio, de t1Jdos os dias, commum a outras espec ies limitando-se a observai-os quasi pas– s ivamente, sem lhes perscrutar a natureza intima, nem. desve ndar as relações geraes que os travam e vin– c ulam num rithmo unifcrme, har– monioso atravez do tem po e do es– paço . Este conhecimento , a que Her– bert Spencer denomina saber não unificado, abrange um circulo vas– tíssimo na vida mental , não só do vulgo ignaro, mas a inda dos mais prendados e e ruditos. Entretanto, a curios idade e o proprio instincto de conser vação impelliram o homem a transpor as ba rre iras dessa escrav idão intelle– ctual, pa ra, num largo surto de re– voltado, a pro fund a r dominar os a rca nos da natureza. E observando, esperimentando. infe rindo, class ifi cando. o homem creou a sciencia. pe fei~o, em s ua complexidade \·an ada e tmme nsa, os phe nomenos deixam perceber caracteres com– muns, segundo os quaes se vão gru – pando em seri es. Sirvaí? de exemplo os phe nome– nos phys1cos que compõem todos uma classe vastíssima, a~s igna lados por ce rtos caracteres qu e Ihes ão proprios . Dentro dessas classes os pheno– menos se mantêm uniformes, obe– c\;:)cem a determinadas leis, isto é, I li_ga m-s~ rec iprocamente na trama ngoro_sa de rela•ões i nti m,t s e ne– cessanas. E a sciencia, se nhorea ndo ess&s div e rsas provínci as do Universo , como de objecto pr0prio, dilata-lhes, po r meio de methodos determinado s, essas precipitadus relações , essc1s lei s, e dispõe-n as em conjuncto ha r– monioso e synthetico Sci enci a é portanto a conjuncto de leis, ordenadas em systhema , acer ca de uma determinada classe de phenomenos. E« o sa ber pa rcial– mente unifi cado na phrase lap idar de Spencer . Estas classes ele phenomenos, em que a in ves ti gaç ,io scientifi ca scin– cle o Cosmos , não são disparatadas, automa ticamen te, sem nexo, num baralhamento cahotico e di sfo rme . Ao lado das diffe re nça que as extremam e espec ializam, ha seme– lhanças , ha relações que as unificam e integram em classes mais eleva– das, mais vastas, desdobradas num encadeamento log ico, ri goroso co– mo circulas concentricos g iran do em torno de um mesmo e ixo . K que o universo é a Ordem, a Synthese , a Harmonia; e a intelli– genc ia, a miniatura do U ni ve rso .. Donde se justifica qu e, desde a mais remota antiguidade, os pionei– ros do sa ber ten ham gasto o melhor de se u genio a e nquadrar em sys– thema todo o patrimonio intellec tual de seu tempo. As class ifi cações da s sciencias

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