O Ensino Revista mensal de pedagogia, literatura, artes e officios 1918-1919. Jun-Dez
76 O ENSINO rado d ebaixo do aspec to literario e do grammatical. A ' s vezes, considera-se archaica uma _palav!'a ou e xpressão para o u s o hterano, quando ainda no fa. lar despolido mas espontaneo do povo p e rdura e s ubs is t e com uma ou outra d e suas s ig nificações. As– s im , o grammatico. a dve rte judicio– ~amente Adolpho <J o e lho, não J)óde formular uma r egrtlt fixa n esta ma– te ria, P?rque o_q u e e lle hoj e ap– prova, e amanha <.:ond emnado pelo uso, e o que e lle s nppõe morto mui– tas ve zPs r eappa r eco numa r esur– re ição inesper ada . ( 2 ) · Conyem obse rvat· q u e não ó pol' se r an t1go que um te rmo se torna necessariamente absole to. T e rmos ha e m u so que são dP, uma edade immemorave l , tendo s ido empreo-a– dos nos periodos ma is r emotos 0 da l ingua._No e mta nto, ce1·tas palavras, . obre Ymdo em época 1·e lativamente JH·0 ·: ima da actua\. Yào faz er parte do 1·01 dos archv. i mos . Arch a ismo , portanto, s ig nifica desuso; que não ve lhi ce no u so. Pa– lavras de uma res p eita bilis ::;ima an– cian ia, ainda nos 1·escendem as o- ra- c:as da juvenilidade. 5 Como muito bem d i3se D a rmes– tete 1·, na s u a " V ie eles Mots" , as Jingua s ubm e ttcm-se a duas fol'– ças- a d:1 conse tTação e d a revo– lução. Emquanto os n eolog is mos operam numa acção em geral de– s ordenada , poi repr ::isentam, as mais das veze , uma espe~ie de im– m ig ração, na es phe1:a ling uistica, os a rchaismos, em a cções e reacções 01·denadas, ::isseguram e con serYam a tradição I iLo raria, e com e ll a o mes– mo genio da lín g ua. D.' ah i , as alterac;ões e modifíca– •:ões que se op "ram no seio do id io- 111 a - demonst1'a c:ão oioq u ente d e que e ll e é um 01·g an ismo em reno– vamento conti nuo. ( .! > A Ling ua Pnr lug ucsn, pag. ;,7 O equilibrio desrns duas gran– des forças, que assignala sempre um~ phase de transição, é tempo– r ~no; rnstavel e precario, pois é pl'in– c1palmente da eterna mobilidade das fórmas que uma lingua ::isseo-ura a . . b sua extS tencia, e prepara os seus tri- umphos. Como a successiio lenta óu vertiginosa das aguas de um rio não modifica o aspecto uniforme da corrente, assim as metamorphoses que se dão no clominio das lin auas não prejudicam a vi são do coajun– cto, que é semp1·e o mesmo, no tem– po e em toda a partr. . ~; * * Co rn o sa bemos, muita. vezes um termo é apontado como al'chaico. quando flinda não desappareceu de todo. Ha gráos intermedia1·i0s antes do desa pparecimento total - uma cs– pecie de envelhecimento g radual. que se va e apod erando da fórma vocabular, ankilosando-a: ( 3) um período pronunciado de senectude. O fJUe demon stra q ue o voca– bulo se acha pres tes a desappare– cer , é a successiva e ininterrnpta queda dos sentidos, sem uma aclqui– l'i ção compensado ra. r◄:· facil até cer– to ponto, pelo estudo comparativo dos ve lhos documentos <la ling ua. e o fa lar v igente, perceber o desen– volvimento e a • involução » eman– tologica dos vocabu los; mas separar e estudar as cansas rnmota dos phenomenos compl exos da concor– l'encia vital entre essas fórmas ex– pressivas do pensa1J1 ento-eis-ahi um problema, que se nos depara obscurecido pelo maior rn ysterio. Qual se rá a causa principal das transformações de sentido ·1 <3> O o lvcrbio, que é, com ce1'lcza, a catcgo– rin grammntical mnis moderna. demon trn egundo a theoria de Bcscbcl'ellc, a decndeuçin ct~s fórnrn nominaes qunlificntivas. Porisso, nessn clusse DOl'lm– se vestígios cio vurinbilidnde, clauclu-se nindn o 'm – eto de que muito~ act_v01·bios se lornwm, com o s11f– f1xo mnite, do nc!J ect1vo, quoudo uüo sejn mesmo a fól'mn nominal r1uc os repre entn.
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