O Ensino Revista mensal de pedagogia, literatura, artes e officios 1918-1919. Jun-Dez

O ENSINO 187 ~ - ... -- ,,.,.-~..,•~'--",,---~~~ Ainda hoj e, a esC0la se resen te desta r cputaçílo antiga. Seria para deseja r que e lla desapparecesse por completo, que nada a lembrasse em nOS$OS actos, emfi111, q trn o mestre fosse um pae: carinhoso e bom ao mesmo tempo que firme e vig ilante. A con– di çiw pri mordia l é a escolha e a prepa ração dos profe ·sores: todos elles deve riam faz er um a pprondizado, como foz o cban ista, o ouri n :s, o en a iado r de moedas. G ra nde par te dos educadore vê111 para o 111e io ?ªs n ia11 ,as sem ini ciaçã o e soffrcm rntuto, pelo menos no prin c-ip io. Qua.ntos conservam a t riste lembra nça de uma lucta amarg·a, de uma attitude de ri :.:·ide z bnstil ! Si fos em g uiados por con5e]h ns rxp eri entes, pnuco a pouco, reconh ece riam que se não tra ta de dernar os a lnmno , nem ex.ercital-os a sup– portar, sem murmurn (,'i'Lo , o: capri ch os . de uma au to ridade vacill ante: que os preguiço– sos. desmazelados, cap richosos, meutiroso~, dissimulados, e tc., n iLO dPve 111 cau ar aclnu– raçil o nem dcsnnimo; aqucll e que rc fl ccte 11a i1nperfei~:i"w do · homens, diz la 1:lru– ye r<', nfw . e póde incl in-11ar cont ra os defe itos dns cr ianças, a inda me mo que e ·tas pare– <;am ul trapa ar o limi te habitual. A missão <lo rdu cad or é, justamente combater es tes defe itos; ni sto con i ·te toda n sua diffícul· dacle e nobreza. i\1a . como <lesempenhal-a bem? Amando as crianças. E ' preciso te r-lh es muito amor , pelo menos, o necessari o p11rn comp reh en– del-aR, i to é, primeiro, ncceital-as como tlG, tratnl-as com paciencia., sem 11L111 C11 e irritar, do me mo modo que o medico 11i10 s • ir ri ta com se u · doen te·; de poi~ procu rnr d escob rir o lado acce sive l el e cada u ma 11ara, finalmente, regozij ar-se com n pe– que nin as victorias de todo os dia. O mes– tre, que ass im ni'LO sabe conduzi r- se, enga– nou- e na escolha rla profi ào. l\( ui tos ha que têm o dom de «ga nha r» ii.stinctivamen te a crianças r, por isso, se veem log o cercado de sympath ia. Os q ue alliam o merecimento pedag og ico á bondade, á pac iencia bem entendida, estes se fazem obj ecto da ma is terna e re peito a affei– çào. Cer ta normnJista, mui to j oven, que dirig ia uma ela se elementar, te ve dr li– ,·enciar-. e por qn in ze cliai O desconte n ta – mento de se us a lumnos nilo pod ia se r maior; constnn te111ente iam perg untar ti di rectoru quando voltaria a professora, e o . eu reg:res– so fo i uma aleg ria completa . Pa ra cHsttgar esses discipulos bastavam-lhe es tit 17alnvras: eVoeês me contri stnrnm :. . Quem niLO vê que para elles a escola e ra u m prazer? S i a cri ança sen t ir q ue a· no · ·11 re pre– hensões sho o r •flexo de 11111 desa:;-rndo ou que prrtend emos cn pr ichosamcnte fo ·~er pre– valece r a no sa vou tael e obre a ua, não passa remos el e •u1s carcereiros aos se us olho . Ao con trari o, si perceber que lhe pres ta– mo a ttenção, que sna mise ri a nos cornmo ve e ua sande nos in tere sn, qne ni:t0 Sltmos indiflerentes ao seus prog res, os e reco nh e– cemos o· seus mcn~es e ·forços, a inda que se trate ele um do tmnos ela sifi cados «1náus» gn u ba remos o •u co raçüo n a sua boa vo nta de. I sto não impede que ell e rein– cid.t muitas vezes nas mesma fal tas, o que, en tretanto , é perfe itamen te desculpa vel: n[io aco ntece a mcs rna co usa nos homens? T odavia, é nossa obri g-11çi10 a talhar es ta recahicla ; fo r,oso scrit , p oi , cast ig ar; nun– ca, pnrém, o façamos com a pereza; no fun– do, havemos rle te r~empre um se ntimento de i!ldnl ge ncia. Lon ge das nossas medida de n go r o cuactc r de ,·ingnu~:a: deixemos tra1,spareccr o pezar com que fo rnrn toma– das, n sy rnpa thia , em ,·e z ele colera ou aversru,. Não é só a rli sciplina que faz amar a esco la . A criança 11110 repug·1m a ac ti vidade de es pirito, mui to ao contrari o, pres ta o seu esfo rço com sati sfaçüo, quando tem con– fiança em si. Sua ambi ção é a-;se111elh11 r-se aos gran– des, no poder phy, ico e intellectua l, e to – dos sabem que poderoso e t imul o é d izer a um pequeno: «Trabalha como uma pc sôa g rnncl e !» Do me smo mrdo que o adul to, :. cri a1H;a sente prazer qua ndo foz um tra– balho bom. E ', po is, de toda a impo r ta ncia, sab~r , desde o pri ncipio, inte re sal- a na sua pag ma ele escripta, no asse io do caderno, na le itura, no calcul o; proporcionar-lhe, quanto pos ivel, a a ti fação de uma boa res po ta, prende r-lhe a atten-;ào pelo a um– pto e pelo modo de trata i- o. A prova de que os exercicios e colares, por fim , e to r– nam agmdaveia aos nossos pequenos estu– da_ntes é q ne c lles os reproduzem nos seus brmqnedos. 'l'odos nós temus ob ervado qlWnto as 1nenin as, so bre tud o, g o tam de brincar «de e" co la , . O g ra nd e segredo <· sa br r g·u iar o alu– rn no, com paciencia , num tra balh o bem ada– pti~do e tom ar-lh e o e:;tUtl o ag rttdave l , a1111nando-o quando fôr necessario, pro an– cln-l lte que sua boa vontade ó de,·idamente 11preci1td11, . D 'es te modo , reconhecendo-se a lg uma cou a aos olho do mestre, a cri- •

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