O Ensino Revista mensal de pedagogia, literatura, artes e officios 1918-1919. Jun-Dez

• O E:\TSlNO Foi numa d essas n o ites d e n e r– vosi smo e profu~o med ita r , que um me io somn.-rii e n1Tebatou d es – t e vul ga r plan e ta ás rng iões longí n– quas d e um mundo d esconhe cido . Sim, foi um me io so rnn o, poi s não p erdi d e todo a co nscie ncia norma l. F iq u e i num a especie d e tran s porte espiritual , num q u asi espan to rl c esta r sonhando aco l'<lada. Sem saber como , ache i-me n a ó rbita da Lua. acompa nha nd o a T erra. ão h avia nuv e n s rubras no céo. H e lio ta lve z dormi sse ainda n o seio elo mar; não se lhe via o ful– go r in te ns o da rutil a nte a uréo la . l\ly1· iade e myriade do a s tros se occultavam no vasto Zodía co. \' is i– nh a á Sil'ius, emq uanto o u contem– p lava embeYecidame ntc Orion. a 111 ais brilh ante da s constellações, a Vi a -l ac toa . como um a ai va imnH' n. ::i, p assava ao longe, d escr e ve ndo um r as tro lumin oso do No l'to ao S ul. Afigurou- e -meontão, qu o, nttr a– hida por sua luz el e ui n ~a branrura ia levada em s u as azas por ag ros· e longos cam inh0s a tracs. Q u a n do os corpos no so u curso precipitadu abriam a lg um espaço por 0 11d o o Sol la n çava in stan ta n oo rla l' ão, 011 Yia a Terra e os homen s : Un s a col'– r er como doi dos, num a rd e nte afa n ele vin ga 11 ·a e ele conqui sta, <l oYo– rando os o utt·os, poln ga n a nc ia, pe lo odio. p e la in veja, p e la sed e in Hac i – aY(' l d o s uppl a ntnçiio, --ho111 e 11 s qu e n ão comp l' ehond em a dor 111 o l'a l, n e m a allia n c:a h armon iosa qu e d e– vo li a ver en tl' e o Un iverso e o Ho – mem; outros . livictos a mostra i' ll O consperto o paYor das clamorosas in– justiças. a levanta nd o p ara o ciio o olhar cheio de amargura e chorando, q ua l ,Téremias, a nte as ruin as da pa– tria conquistada : outros, hir tos , ge– l ados, 0spectraes, fa min tos, d esfilan– do em levas , q u a l um novo povo d e Moy~és, a lma ch eia do nosta lg ia, em b usca de outro céo que lh e seja mai s cl emente; outros a in da a rir mos– trando n o semblu11te a a legri a . ra– diosa e in conscien te dos se res in- • • 1 s e ns1Ye1s . ... Parei esta rrecida! ... A fit a al – vace nta d a Via -lactea, co ll eando en– tl'e os as tros, emb açava, el e q u r1 ndo em q uando , a luz fug iti va, d epois alça ndo-se d esappareceu no v iso do espa ço, ao curva r- se para o lado opposto , d e onde Yi surg ir um vulto: Era um vulto hum ano q ue ora se encobria n a sombra d e um a os trell a, <, ora se d esenhava n a clar i– dade tran sitaria do céo. :> Veio andando len tamente e ch e– gou ao p é d e mim . Ern um a ncião ve n<' rave l, d o o lh ar rn a n o, b en ig no, ind ul gente. Eu fitaYa -lhe a face la1·- 0·a , desp ida inEtantan eamenle da e tern a n evoa, para d eixa r r efu lg ir o cla rão assombro o do genio. Ace– n0u-111 u que segui sse; e como um duend e me fo i lornnclo polo me io da noite illumin a d a p ela claridade duu ia ela Vi a -lectea . emquanto ou p ensa va commi go: - Quom será? Ju– piter ou Apo ll o, l\larto ou Neptuno'? Lombro i-111 0 então q ue era pela Via– Jacte :1 qu o os h e1·ôes pene travam 110 eéo, e refletia: S ·11'101' , como teria ou r onseguiclo e levar-me aos astros, onde só podem chegar os home ns grandes polo me1·ito, p elo esplendor das suas acções, abrir cam inho pa– ra a immo1ta lidad(', ad<Juirir titulo:-:

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