O Ensino Revista mensal de pedagogia, literatura, artes e officios 1918-1919. Jun-Dez

O ENSINO 15 ~~--...,~~_.,.__~~~~~~~~~~~--...,'-"'"-~ -~ tal desori e n tação dá peiores fructo s. Enun– ·c iam pontos a tratar, e qualque r delles pó– de ser ens inado· até numa esco la superior. Como ach11 r a medida exacta, a dose preci– -sa? Os exames fi na es apavoram : cada pro– fessora receia que seus disc ípulos, examina– dos por outt-a, yenham a fracassar, e para e vitar o desas tre , os sobrecarrega com uma enorme maltidão d e su perfluidades, de tri– vialidades, quando nã o ele hypotheses e de e rros, ..para a parada, para a revista de mos– tras. lia um steeplc- chas e de compli cações, 11ma compe ti çã o de subtilidades. em que o di scente é a vict ima irnbell e . O r esultado é que , no dia fata l , se fa- 7,em com o maior desplante , pergun tas co– mo a s segu in tes, cuja authe u t icidade g·a– r a nto: - Quem d escobriu a g ly ccrina? Quaes os e lementos morpho logicos de ta µalavra ? Ou entã o e d~te rmin a a procul·a do me– nor multiplo commum de tres numeros por to dos os processos conhecidos ... Os alumnos conhe cem a quéda dos cor– po , com o infalliYeis appar elhos de A t\\·oocl e de Morin, podem dnr tres ou qua tro de– finições da multiplicação, conhecem o no– me d e qu em descobriu o c hloro ou i1nen– t ou o ba rome tro, mas ig nora m quas i sempre a ma ioria . das esse n c ias florestaes da sua -te rra , dã o ex emplos min e ra log icos tirado re- 111otame nte d e livros france zes e olha m, acl- 111ira clcs para o céu, $em pode r em r ecouhe– ce1· uma co n tell açüo ou um pla n e ta. Os a , ump tos de ord em pra ti ca, que to– do s de ej amo n.rde 11 te me nte conh ecer , são o mi t tidos ou m íl.lt ratad os ; os ah trn.ctos, sem .:-1ppl ica <;ão, ex igem- e minuciosamer,tte es– t nd a d os. Culpa d o p rn fessor ? Tfto, vi cio do~ p rogra mmas, q ue deve ri a m se r 11ão a pe11a- 1ucli ces, fo r rnadoc; ordin a riamente p o1· uma pe soa le iga, de obras qu P- Ytl<I ser e~ecu– tadas dia a di a pelo profes or rs . E m vez de prog·ram rna , dêem-se ius– t rucçue p edag-ogica mui ti imo p r a tica. , sem p r eten ão, e o ma l esta rá em grande p arte conj n rado. O lh emo p r exempl o p~ra os trabal bos ele a ri th,il et icn. G ra nd e op rn, fa r t ura exn– g-e rada d e p r nbl emas u b t il issimos_, c-0111 by– ¼1tnti no rac iocín ios, ma o camb10 , o des– t on tei , as •1urstões d e in te r e se immed iato, <tne o di Rc ipul o te rá de onhec~ r aman~1ft nté par a ac.impanh a r uma polem1ca de Jorn al, n i:w passam nun ca de um g rupinho de pro– ble mas ela sicos e fatnes. O camb io, por exemplo, não é, nem longe, esse cambio tão _ li gado Ít nossa historia finan ceira e econo– mica, mas tão sómente umt1. couta de com– prar e vender moedas desconhecidas á razão de tanto. Porque sobe e porque desce a ta– xa cambial ; que relaçito tem com o commer– cio, etc., são mysterios de que ninguem trata. Quando imparcialmente se medita no des– calab ro do ensine de rudimentos sc ientifi– cos, uma solução se impõe como o me– nor dos males : é o abauclono dessa par– te do pr,1gramma 1 e a reducção deste ao ler, escrever e contar. Se, realmente, se ha de marty risar a _criança com um ensino li vres – co e imitil, antes não llrn dar senão os ele– mentos mais essenciaes com que depois es– tud e po r si. No ensino secundario, pcrém, se rá prec iso ensi11 ar a ,ciencias que cons– tituem as humanidades exig·iveis, mas te– nha- e, a hon estidade de satisfaza r a curio– sid ad e do adolescente, sem , ao contrario , precipitai-o em uma série de r,bstracções e num aby~mo ele convenções. De que serve a um joven ter e tud ado as leis d::i. meca– nica celeste, se o universo estrell aclo é pa– ra elle inteiramente desc0nhecido? En sinou– sc-lhe a hypothe e du eth er, encheu- se-lhe a cabeça de formul:.i s e de equações, mas dac-llte uma pii ha secca, uma campainha. al,zun metros de fio , e não conseg·uirá es– talrnleccr o circui to e vibrar o tympano. Em oppos içiw no muito que e tudo11 nas sc icmcin , pouco cultivou, ordinariamente, o se nso artístico. O propri o co nhecim nto da pnc ia, co isa antigamen te tão cm voga en– tre e tudn11 tes, que pos ·uiam dn memo– ria um verdadeiro thesour,l poeLico. e5tá hoje de, prczado e rapazes e moça , quan do na adolesce ncin prec i,arn, por instin cto, ali– menlnr ele um pouco de poes ia o seu cspi.-i to, ab orvem quasi exclusivamente os ver os pir~as, a · quf\ ixns sem fund o. as lamurias ero ticas e deli ra ntes de uma cat11 rva dt poetas, que para ma ior mal são todos par– na ian is imos e perfeito ·. E' preciso que, com programnu, e sem ell es, termine o to1mento da memo rizaçfw for~ntla de factos som p'squi zo, de cintos mm inve tigaç1ío e de mi nucia sem c·uriosiclnclc. Nilo e tamos preparando pequcnr)s l' ic, de ~[i raudola, mt1, creaturas cli eias da lia o– fi a rio lino não di g·criclo . Faça111os a esco la imple , de nwdo quo as primeiras letra sejnm para o alu rn no uma lnz que lhe pomos á mão, e 11ào um fardo que lhe amarramos ás costas. Que ell,:>

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0