O Ensino Revista mensal de pedagogia, literatura, artes e officios 1918-1919. Jun-Dez
O EKSINO 137 ~---- ~ ,__,,_.,..,...,._...._,~"-,;~~ C1assifiea~ão das seieneias A trichotomia aristotelica é bem mais admiravel, pot' ter sido o pha– nal que norteou os passos vacillan– tes da sciencia humana, clesdo os aureos tempos da civilisação gl'ego– romana até os porticos da idade moderna. Durante este largo trecho da his– toria não se nos depara outro ponto culminante, donde abranger a mar– cha ascencional, embora lenta e tar– dia, dos conhecimentos. Nos grosseirns programmas das escolas medi evaes fez epoca a di– visão das chamadas sete artes libe– raes em trivium - grammatica, dia– lectica, rhetorica- e quadrivium, --– arithmetica, geometria, musica, as – tronomia. II Longe , porem, de constituirem seriação racional, synthese elevada, esses termos rebarbativos delatam apenas o plano mcdioere e pitto– resco dos es tudos de antanhos. Deste modo , a classificação de Aristoteles vem, por sobre longos seculos. defrontar-se com a de Ba– con. Bácon (1561-1625) philosopho e político ingl ez de grande nomea– da, foi o creador do methodo expe– rimental, e quem no seu "Novum Organum" iniciou a revolução in– tellectual cios tempos modernos , vi– brando golpe decisivo nas estereis disputas da ph ilosophia escolastica. Como fecho de um plano innova– <lor, ell e propõ& em sua obra " De Argumentis Scientiarum·· nova clas– sificação das sciencias, que então r emoçavam ao calôr vivificante de espíritos esclarecidos- Kepl er Gal– lileu, Descartes e outros-cujos no- mes sôam pelosiais altaneiros ti– tulos de gloria e huma11idacle. Bacon, contrap do-se a Aristo– teles , julgou mais acertado rem,m– tar ás fontes original'ias do pensa– mento , para assentar '1.s bases do systhema de classificaç~o nas pro– prias faculd!'tdes que itram em jogo , em face da compl ' idade im– mensa cio mundo obj ecti o. E estas são. segundo Bacon--ME ORiA, IMA– GINAÇÃO e RAZÃO . A taes faculdades concernem os tres grandes ramos, em que se agru– pam os mdis variados aspectos do conhecimento humano, que todo nel– las se vae entroncar- a HISTORIA, a POESIA, a PHILOSOPHIA.. A Historia, obra da femoria , recolhe, conserva, patenteia os fac– tos particulares do universo. A Phi– losophia deriva da Razão que com– para, ciass ifica, infere e organisa os dados da Historia . A Poesia , fi– lha da Imag in ação, contrasta com o car acter exactu da His toria e da Philosophia, é o domínio da ficção, da fabula, e das creações phanta– s iosas. Bacon desdobra em seguida , com fecundidade admiravel de fino e arguto analysta, os tres grandes ramos do saber. A Historia, por exemplo, elle di– vide em Natural e Social, conforme recolhe os facto s que se produzem no mundo , nos corpos celestes, so– bre a terra ; ou no seio da huma– nidade. D() mesmo modo, a Philosophia, ot·a se reporta á divindade e deno– mina-se Theologia; ora rt natureza •
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