O Ensino Revista mensal de pedagogia, literatura, artes e officios 1918-1919. Jun-Dez

• 136 O EN"SlNO .d( elear e paredro, e te desencan– tado por Coelho Netto, u.quelle pelo poeta Raymundo Oorrêa, sã.o vorabulos reve– lhos, n ú.o fórmas neologicatõ, como a l– gum, pensa, am : pertencem ao monte das bôas e sonoras pala, ras antigas esquecidas . Facto identi co occorreu com a fórma antiquada- guaiar, considerada, se me não e11ga110 elo sr. Alberto Fa– l'ias, um ncologisrn lo poeta Portu-Ale– gre, aproveitada 1iúde pelos parna – sianos, entre os q a.es Raymundo Uorrêa. Innumeras fórmas vocabulares, des– prezadas no alar commum, vão refu– giar -se na r guagem technica. Os pa rti pios da 2.8 conjugação em udo-que é o seculo XV não tinl1am sido assimi dos aos da 2." co nj. em icl(I, foram bani os por completo do uso po– pula r. Mas os <l os verbos conter, ter e ma n– ter ( conteúdo, tcúdo, manteútlo ) as il a– ram-se na linguagem do foro , de seu na– tura l conservadora e estacionaria, Con– teúdo fix ou-. e ainda como subst.autivo. Em wlll11ffia : a.' perdas de palav ras ou merllmente de sentidos nã.o ca,ra te– rizam um período de dccudencia no seio da lí ngua. bCndo conseL vaclo, como de rigor, o accent.o etymolo– g ico. Cnnsidcra-n portanto, uma simples corrupte la de origem popular, cnhida, além disso, cm desuso. Ruy Barbosa, de quem discorda o notovel g rnm– muti o bahiuno, não considera somenos no de legitin10 o valor vernaculo do outro vocabulo, rcvocando-o do olvido. Lidimo é uma fórma allotropicn, de cunho nacio– nal e nntigo, sem Jh e cubel· a tarha do corruptela. Obedeceu si m 6 corrente genia l da Jingua, o resiBtiu á investida ela (6rma alalinada, com n qua l por muito tempo coexistiu, sondo nlino l atirada a um plano inferior, averbada ,te nrchaismo por Duarte Nunes rio Leão e por F. José Prcire. Nos mnis modernos cliccionarios se acha registada sr.m n notn Oe an_ti• quada, e, rehabilitada hoje, no Brasil, pelo emer,to Ruy Barbosa, vimol-a jú empregaqa, o caC:a pn5so, entre os sa bedores e np doutas. E sempre pronun– ciada como um propnroxytono, o que tem o voto do prof. Carneiro, contrn o de Ruy, que se fundo.menta na autoridade de J oüo de Deus e nu das pessôas ve– lhas. n e facto , proparoxytono assim o considera Fi– li nto Elyeio, oitodo pelo dr. arnciro: uve ndo CS · rravu o de Cnssio prole lidimn", collocauclo um nc– cent.o circnmflexo sobre o primeiro i . Dn mesma fórma Cnstilbo: "llôa fnln contcrra– n a, lidimn e sincera". É este, nlilís, o valor phonc– tico que lhe d:í o po,·o português. Ta lve, tosse outl'' MO paroxytono, IJOI' aua logia com i,utras palavras: cndino, opimo, ou ro11rusâo com lncl1nho, co1·ruptela de ln<lino. Seria de grande interes e e uti liua,– de saber ao certo, estudadas as causa· remotas e o seu principio director, dis– criminar as épocas em que se realiza m mais accentuada.mente essas perda e modificações. Por esse meio , melhor se poderi am aquilatar as qualidades da lín gua , e os recursos que são postos em acção pelo seu inexhausto organismo. Embora pareça um paradoxo, - a época em que ha maiores perda.s voca– bubres, essa é a mais progress iva na evolução da língua. Os factos ahi estão em barda pa ra comprovar a verdade desta affirmação. Assim as acquisições, como as per– das attestam puj ança de vida. Ade– mai s, é sabido que os neologismos so– brevin<los compensam, senão qnantita– tiY~nnente, ao menos qualitativamente, as perd as soffridas. P ena é que a língua, algumas vezes, soffra qu ebra 11 a harmoni a geni ,.Ll da s sua:-.; evoluções, com o vigarismo intran– sigente dos tradicionali stas. l\fas o principa l perigo não est.ú nes– se processo interno de ela boração lin– gui. tica, Não prejudica a clareza do idioma o criterioso aproveitamento de fo rmas a rchaicas, ou em vi a de se-lo. Os neo– logismos de prove11iencia externa sfLo a peior praga. A intrusfLo barbara do :-.; peregrinismos, impostos pela moda ou O\ltras causas sociaes é o que, só por so, deturpa e achavasca o nosso idioma . Essas formas barba ras devem ser, a todo o tran so, repulsadél s . Mas, qua– si . empre, a ma l grado da mais empe– nh a.da reacção, essas palavras fras es de cunho extrangeiro, principa lmente francês, co nseguem, por via dti regra, impor-se ao uso gera l, do qual nem sempre poderão, algum dia , ser erracli– c:adas. Exp li ca-se e te facto por serem pa– lavras expressivas, prestigiadas pelo sai– nete li a. novidade, qu e as classes ele– ,-adas, on quasi, e as cama.das popn– hres acolhem, fascinadas ... Carlos Nascimento.

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