O Ensino Revista mensal de pedagogia, literatura, artes e officios 1918-1919. Jun-Dez

O ENSINO 135 ~ ~~-v--..,.-.,~~~-v--~~V--.,'-"v--V-~~V--.,'-"v-'V-._,.....~~-~~~ ros anachronismos vocabulares, muito ha desapparecidos. Ora, se fosse cabi– ,·el a lei da utilidade, taes fórmas uão cxsurgiriam jámais do seio d,, idioma, por isso que, segundo os partidarios des– se principio, o conjuncto linguí stico evo– luci ona infallivelmente para um destino superior. É inconsequente es te modo de pen– sar: nem sempi·e evolução quer dizer progresso: o processo evolutivo com– porta, dentro do movimento total, es– taclios de paradas repentinas e regres– sos li; o que, a liás, se dá, mutatis mn– tanclis, a respeito das perdas soffriclas -por outros organi smos . a oscillação dos sentiu.os <las pala– vras na iingua ha o que se pude cha– mar-inconsciencici no acto; :,Ü existe urna consciencia latente nas causas, con– ·ciencia essa muito longe de determi - nada pelos methodos cio scientista, e sobre a qual não é li cito, por esse mo– tivo, erguer uma explicação rnetaphy– sica. Não havendo, assim, um cletermi- 11ado objectivo verificavel, parece que mais logico seria expli car a lei que rege as modificações $emantologicas como fundamentada na simpZes ..:onveniencia ou nt-ilidcule ou&nra, e jrimais na utili– dade determinada . Por esse princi pio, chegamos ü, com– prehensão, na nossa língua, tle varia preforencias, que nào têm nem podem ter outra explicação plausível. Assim, por exemplo, notamos quo ,i, fórma verbê!l-rolorm· - se archaiza, oc– cupando-lhe o lagar o acLual-colorir . . . Marujo é palavra c1uasi esquecida, em concorrencia com-ma1'inheiro. LABOHAR ( infl. erut.l.i ta ) substituiu--lahtm·, que vive na linguagem popular elo Brasil; o ass im, i·epctrtir,-i~ f úrrn a antiga depcir- 1 ir; rJ_1dtação, quitamento ; la,çtimoso, lastimeiro; clemora, demorancia; baixe-:a, haixum ( . . .o nos. o Deus, tendo nas– cido em uma baixurn . .. ) C. de Laet– Con(erencia sobre os .Frades Extrangci– ' os); clisposiçcio, dispoimento; mulo, m11 ; - vespera vespora : egnaldade, egua ieza; ler;iti11w, lidimo, e tantos e tantos outro casos. Is to qwmto êL fo rma , apenas ; veja– mos, agora, quanto ao sentido. Tratante - era synonymo de negoci– ante. Esta fórma torna -se preferida á– quella, que começou de significar cousa, muito diffe rente, e com a qua l se não pôde confundir. ~ O mesmo se d com imbecil, que significavn,- desprov de fo rças, ·ub- stituido por im:allido . Abano e abanico archa··.am-se no .·en– tido de-leqne, forma hoj triumphante. Mariola desappareceu da. na primitiva accepção, carregador ( vid Dua rte Nu– nes do Li ào, Oriqein da L- wua Portu– rJ11esa ) , e actua hnen t quer dizer o que todo o mundo sabe. O vocahulo que-ixwne foi autiga,– mente a pontado como inconveniente , nem mesmo toleraYel m1, poes ia ( F . J. Freire ) , e r etirado do u. o pelos anti– gos mes tres, já hoje é t rilha do pelos mais elega11 t.es escriptores, e mimosos poetas. Este facto expli ca a preferencia instin ctiva desta a outra qua lqu er pa– lavra, proposta tL sig nifica r a mesma cousa. A pa lu.vru. pm-fe;; , na ig11ificaçã.o de qualidu.dcs ( homem de bôas pa rtes , s n– jeito de muitas partes ), por la rgo tempo esteve esquecida. Depois que a u so u o dr. Francisco de Castro, uo se u discurso de r ecepção i . cademia de Letras, já a tenho encontrado em bons escriptos d publici stas b rasileiro. ·. Madre é pala.vra que se H,ntigúa,, no sentido de mãe, mas r eJ.pparece com a mesma pureza e proprieda de a nti ga na& ultimas monument aes peça orato– rias de Ruy Barbosa . . . Foi es~e mesmo scriptor que deu 1mpul o vita l ao velh o - ZfrZimo- aver – bado de archaismo por varios mestr s ( 5 ). (5) Opino o d\··. Curneiro Ribeiro que n palnvro licti– mo veio de !eg 1t1mo,_pela q uédo do li medial flei,/imo), tronsmutoçnes do ci em i , nb rondamento do t em ri, •

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