O Ensino Revista mensal de pedagogia, literatura, artes e officios 1918-1919. Jun-Dez

pa rece· confundir a intelli gencin. com a r eflexã o, ~onclue o a ua li sa.do mestre por ilizer que os factos da. linguagem, a inda qu e nã.o premedita dos , n em por is so d eixa m de ser inspirados e diri gidos por uma ~•onta cle inte lligente, e, accres– centa., entre o a cto popula r, que inveuta um 11ome pa ra a lg um:1 icléa nova , e o acto do erndi t o , que forja uma desig na– ção pa ra n1n phenomeno sr.ien tifico, eles– conhecido a té entã.o , li a cliffer ença a pe– na s qua nto ü, prompticlã o do r es ultado e qua nto á, in ten s icla cle elo esforço , mas n ã o h a cl iffe rença de na tureza. : t a n to llum como n outro , a, faculd a rle em a c· çã.o é a mesma,. ( 1) O homem, qua ndo se serve ela pa la – vra é pa ra. se fa,zcr comprehemler . E llc t em necess id a de de esclarecer e seria r os se us pensamentos, da ndo -lhes um cunho pessoa l, conforme a s ua n,Lt urnl dis posi ção, o .·eu modo de viver , as s ug– gestões do se u << meio » , a s ua ecl:1caç.ã o. Qu as i in sen sivelmente, entã o, começa de co rri gir a lin g ua , que lhe fôra irans– mittid a como instrument o por ond e pu– dess e expressar as s uas idéas, e o faz com o intuito perceptível d e a melhora r. tor– n a ndo-a ma is clara. e compreh en s iva e procura ndo da.r i ns tinctiva me11tc nma expressão menos imperfeita aos seus pensamentos . E a']_J1·r.'1:Jâo menos im,p'!'l f eita -- di sse propositamc11te, porque a e:rpressiio per– f eita nunca jü,mai s ( 2 ) scrri, consegu ida, porqu e nã o ex ist e. Desse modo procede poderosamente a iotelligencia humc1,na, como prin cipal « motor cl·~s linguas>,, que é, e causa vi– ctrix , nn, a pparencia co nfu sa ci os acon – tecirn entos, ,lesse conjnn cto de t ransfor– mações quP perpetúa m um t ypo ling n- ( 1 )-M. Bn.>:AL - Rs,ai rle senia,,iiq1<e, C(I]), L' his• t oiro des mo ts, p. 272. ( 2 )-• Nuuca jémnis• é cxpr e_ssüo que se j_(, yne tornnucl o d esusada, mns sem r azuo. É CQrrcnt1ss11nn n os mnis e lego n tPs e p rimorosos clnssicos. Lnis de Sousa, q ue é, no con ceito do sr. João Ribeiro, o ma ior elos nossos estylistns, n ol-n depa ra n a suo obra prima - Vida de D. Frei Bel'lholame" <lo., Marh1res. J;: bom n otn r que jámais, nn vida octiva cln _lin– guo, ne m sempre é synonymo ele mmra. H oj a vista a seguinte rrase, de cunho popnlnr : • E lle se tornn i ti co, a lteru.ndo-o, impurificando-o, co r– rompen(lo-o, desgusian<lo -o, e elabornn – du, por fim, dos. detritos ~montoat\os das rninas , uma forma plasti ca supen or do pensamento. Certo é que c::;sa ta refa collecti va, não se opera de modo di sciplinado, n<'m consegue pór á, ev idencia r eal agndezr~. 011 di scernimento. As i nfini tas oscilh.– ções el e sentido , ~ es da sua relatini fix ida de, não denu ' 1m mais do que as li nha· tortuo as das esitações iJHlivi – duaes, na exteriori rnçã.o uos conceito:. Esta é a opinião de réal. Os wfo-g rammaticos 1ã o pen. a 111 desse modo. J nl garn ell es e 1e o bome111 , muito embora vi sand o ser em compn'– hencliclo, ni'í.o tem, nem pód ter a preo,·– cupação do aperfeic0amen t ri a lingua– gem, ela s ua melhoria, da s a co rrecçfto. Qna ndo se fa la , assevera um desses autores, pensa-se na icléa, q ne se pro– cura exprimir , e não no signo 011oro <[U f' a tratlnz., isto é, nas relações qu1' ex i tem entre o sentido e o som . . . O vocabu lo nào chega a possuir e Stl valor delimitado na smL mesma fórmu la, qun nclo esta se torna de uso extensivo, se– gund o a affirmação ele Bréal. ( 3 ) Va l11 a, pala n-a pela, icléa; em si, não t em ne– nhum valor. Depois, é ridí culo pensar qne o pov cogita de refl exões grammati – cae ·- oll e, qu e procede ingenua e ce– gamente em todas as cousas. Seri a o mesmo que jul gar a crea,nça. qne age irrefl ecticlamente. ou por mi– mologia, correctora el e sua mesma i a– cteante linguage111, quando regula riza as fo rmas ve rhaes, so licitacht a tal pro– cedimento pe. lo irrefreave l instincto cln u11 alogia . triste, j :lm!.liS quuudo está doente >. E 1H1 ebcripta !iteraria : • . . . Eis nq ui o signo! do concerto qu eu ft11-o pnl'a scmp1·c j !\mo is entre mim o vós. ..,. ( P". Pl'– l'Oirn, trnd. du Bibli:1 , Gún. JX- 12 V.) Da mos1nn rór– mn, o Cnmões d istanciou-se, neste pns,m dns s uos Tl i– mns, elo sentido us1.rn l : • Le mbrai-vos minhu tristez:1 11 Que j ámais uunca me deixa" . l\fodoronmcnte, nlguns dos melhores rcpresen– tnn tes clns bôns-letrns não trepidnm no emprego d" energicn expressão, Ruy Borbosa ~st:1 entre <'SS~s. Lembrn•me um uxcmplo : « Nunca jámais toda hora ... ( Répl. cn , p. 410 1. ( 3 1- l bid , p. 2Gt. •

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0