O Ensino Revista mensal de pedagogia, literatura, artes e officios 1918-1919. jan-dez
O ENSINO 137 denominação de Ta1·amambas, que se estabeleciam d'ahi á beira-mar com este nome, até á bahia do Gua– jará , segundo Ayres do Casal, e nestes mesmos termos, Bento Ara– nha, na sua citada '' Geographia ", inedita, e ainda no seu " O Ama– zonas Geographico e Historico ", tambem inedito. Assim, a expedição do descoberta o conquista das terras do Amazonas e da capitania do Orão- Pará, nas approximações da cidade de Belem e nesta mesma, no Guamá, l\Iojú, Acará, bahia de ~Iortigúra (nome primitivo da ba– hia de l\Iarajó )e Tocantins, toda es– sa r<>gião, emfirn, encontraram po– voada por muitas tribus de índios de diversos nomes, que se assigna– Ja ,·am por habitos brandos e pare– <'iam favornvois ao desenvolvimento da civilisação, Ao entrarem os da expedi ção na bahia do Guajará, d esembarcaram 110 sitio. onde construiram um forte de mad<>iras cm cujo trabalho foram ajudados pelos Tupinambás, por serem estes de bôa indolo , caracte– ristico dos índios amazouicos, em geral, e de que davam provas aco– llwnclo hospitaleiramente os con– quistadore:-; portuguezes do l\Iar– ah ! nõn do Pinzon. já <>ntão conhe– <"i<lo por Amazonas, nome que lhe deu Orellana. Ess0s índios procediam duma ma1wira g-en0rosn para com os seus inimigos, demonstrando, assim, ha– vcr<•m cs<1uecido ou perdoado as c1·ueldad0s que lhes haviam feito Hoffrn· ao su l do Brasil, obrigan– do-os a <>migrnrcm para o norte, ondo s6 dcscjaYam viYer em paz e alliados aos colonos. Prova-nos isto , portanto, que o indio do Pará era dotado de bôa indol<~. Bae11a, 110 ''Ensaio <'horographi– eo sohrn o !'ará," diz ser<'m os in– <lios d<' 1616 de bôa índole, trab~- 1ha<lores 1 in yestigadores, corajosos-, moderados, pacatos e doceis; alguns tratavam o estrangeiro com desvelo, franqueza e cuidado. «Nas minhas viagens, diz Bento Aranha na sua Geographia inedi– ta, vi iliversas malocas de indios nos rios Uaracá, Derneueni, Ua, napés, Içana, Rio Branco, affluen– tes do Rio Negro; lidei com os Ohinauas B ajj11anas, Baninas• 'Iitca1ws, Baréi;, .Macüs Smii;ses, Uapichanas, Macuchis, Parocotós, Oaripima.ç, Pauchianas' Uncai·is, e ·ovnaeméi;; na reg ião do Soli– mões estive nos rios Yça, Japuní, Javary, Itacaahy, Ttuhi, Branco, Curuçá, Jaquirana, Jutaby, Juruá, Ipichuna, •r.irauacú, l\[ôa, Jarua– rniri, Punis, Paubini, Acre, foco, Teffé Coary e no baixo, Amazo- 1111s, nos rios Uautá, l\fadeira, Ca– mum:í, Mauyéz, 'rapa_józ, Nhamun– dá e Xingú; ahi encontrando i11- dios de diversas nações entre as quaes as do 1llira11lu;,.s, .Maiw·1mas ou Alangero nas, Afu1'ClS, Mmuluru– rús, 1 Jaués, Ja1·1mas, Apw·inás, <'te; observando-os, quanto a inclol e, notei ser esta, a mesma dos 'l'u– pynambás em Uil6 no Guajarà– hospitaleira, pacifica e desconfia– da." Alguns hi stor iadores, entre os quaes Baella , affirmam ser o ill(lio do Pará antropophago. Ouçamos aind a Bento Aranha; «Tambem não encontrei em nem– huma tribu o odioso e inqualifica– vel caracteri.-,tico que os organisado– res deshumanos de tropas de resgate e a lguns historiadores , por phanta• sia, lhes deram, para justisficar a reclucção dos índios á escravidão. 1~ste característico dos selvagens 1wgros ria A.frica passou desta ma– neira aos de côr de cobre, da Ama– zonia, pelos seus conquistadores portug uezes e hespanhóes, para se lavarem da culpa de seus actos ex– terminadores. Aquelles Africanos Stanl éy na sua «Viagem atravez do ContinentP
RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0