MESQUITA, Lindolfo psud Zé Vicente (org.). O Brasil nas guianas: a visita do coronel Magalhães Barata a Caiena, Georgetown e Paramaribo. Belém, PA: DEIP, 1944. 47 p.

sentiu maior aflição. Eram os habitantes de Caiena que pro– clamavam isso por toda parte. Proclamou de publico o gover– nador da Colônia e beín assim as outras autoridades locais, como ainda as pessôas com quem tratei, quer em escolas ou localidades de a&-sistência ás crianças, como na "Gota de Leite" onde estive e em outros hospitais onde andei, enfim, por toda parte. Ouvimos em todos os logares as referências de agrade– cimentos. Caiena hoje vive mais ligada pelo coração a nós paraenses, sobretudo, do que outrora. O povo de Caiena nos conhecia por causa da nossa visinhança no Oiapoque. Sabia que era visinho dos brasileiros, mas nunca -havia recebido de parte dos brasileiros uma prova como essa que tiveram do ano passado para cá e que lhe veio suavisar -a situação _ em que vi– via. Todos se mostraram muito reconhecidos dando uma bôa oportunidade para intensificarmos o nosso comércio. Nas outras Guianas onde estive encontrei traços das cou– sas brasileiras pela mão do comércio que ao meu vêr é sempre a vanguarda das relações e dos conhecimentos entre as nações. Em Georgetown, artigos do Pará assim como os do Rio de Janeiro são ~ncontrados pelo esforço de um comer.ciante brasi– leiro, que lá se .encontra como representante de uma casa co– mercial do sul. Não tem êle nenhuma assistência oficial por parte das autoridades locais e procura assim mesmo levar os nossos produtos ao comércio do estrangeiro. Trata-se de um moço esforçado e .que há muitos anos ali vem teimando em fazer firmar a industria _brasile_ira naqu~la praça comercial da colônia inglesa. · Atualmente estamos em bôas condições de reafirmar e fi– xar o nosso comércio com as três Guianas. Mesmo com os in– convenientes· que eu encontrei e os senões nêsse setor que cons– tatei nas Guianas, principalmente holandesa, as mercadorias brasileiras são ali vendidas por um preço exorbitante, ou seja 30% a mais que os preços da importação americana. Não sei a quem atribuir, si ao abuso, á ambição dos comerciantes daqui de Belém que para lá exportam, ou se devido a qualquer taxa estrangeira, que aliás não me consta haver na Guiana Fran– cesa. O fato é que tenho a impressão de que, ter_minada a guerra, das Guianas Inglesa e Holandesa seremos imediata– mente desbancados pelos outros mercados. Eu particularizo os fatos. Em Paramaribo, uma senhora me disse que admirava grandemente as bolsas de couro de jacaré, (produto paraense) mas que não podia comprar porque eram demasiadamente caras. Lá está ela na vitrine sem poder ser vendida. Os nossos calçados são expostos á venda a 70 e a 80 florins ou sejam 700 e 800 cru– _zeiros um par de sapatos. DP- modo que como êles não têm onde comprar são obrigados a adquirir (os que podem) por preços exorbitantes. Não sei a quem atribuir esta situação ou abuso. Aproveitamento das circunstancias do momento. Este .,

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