LOBATO, Julio. Notas de um reporter: a vida dum reporter - reportagens nos hoteis e padarias de Belém. Belém, PA: Typ. F. Lopes, 1916. 87 p.

• • • JULIO -LOBATO 11 acostumar Isso, todavia, ,não desgosta o reporter porque quem entra para esta profissão se acostu– ma a ter um prazer immenso, incomparavel, quando applica um ;'furo" aCJtcollega. Ha "reporters" que não contam como '•furo" as p~quenas noticias de tres, quatro linhas de expediente de repartições. Os bons 1 'reporters 11 só mencionam os ''furos" sen– sacionaes, como sejam ''assassinatos", desastres de importancia, descobertas maravilhosas, diligencias reservadas da policia, etc. Quando se dá um 1 'furo" de assassinato, como o auctor destas linhas Já teve o gostinho de appli– car n'um dos collegas, com a morte dum soldado do 47, pqr um portuguez, na rua Dr 1 Malcher, ha uns tres annos, a gente fica contente, passeia na rua com uma cara alegre e parece que todo mundo que nos vê, diz, á nossa passagem: ''Lá vae o re– porter de tal jornal; elle hoje deu um furo tre– mendd'. Enganamo-nos, porem, porque o publico nem · sequer' se apercebe dos nossos sacrifícios. Quer todos os dias o jornal cheio por' cento e vinte réis", não procurando saber se somos bem pagos ou não e se nos sacrificamos para bem servil-o. * * * O reporter tanto entra numa barraca como num palacio, no serviço da sua profiss ão, e isso o acostu'ma a estar tão bem neste conío naquella,

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