LOBATO, Julio. Notas de um reporter: a vida dum reporter - reportagens nos hoteis e padarias de Belém. Belém, PA: Typ. F. Lopes, 1916. 87 p.

10 NOTAS DUM REPORTER um plantãoziriho na policia, estava eu transformado em "cadaver". Rosto macilento e encovado e sem quasi poder andar, tive que consultar o medico e " dei com o canastro no hospital. Ahij sim, estive dois mezes e, quando deixei a cama dessa casa de saude, tive pena de ter ficado bom ,tão depressa. Voltei ao serviço. Airida era a mesma afobação, natural em todo o reporter "phóca". Quando ia dormir, deitava atribulado a pensar em "furos" . Sonhava com factos sensacionaes e que tinha sido "furado" por um collega. t'ela manhã, antes do café, pegàva os jornaes e corria a vista pelas suas columnas a ver se descobria algum "furo". E• uma cousa tragica para o pobre reporter a ep0cha em que, por causa de "partidas" de c0llegas, a repor– tagem desenvolve actividade. Com facilidade a gente "cava", sozinho noti– cias boas e borda.as de maneira a desenvolvei-as somente para parecer um "furo" de arromba. .Nuns jornaes ha multas e noutros "portarias" nos quadros "pretos", passadas pelo secretario ou directo~ a pedir explicações por que não se trouxe a noticia tal e, noutros, uma multazinha pelos "fu- · ros". Deve-se ter o dom de adivinhar, dizem elles; ao reporter nada deve escapar. Isso acontece quando se cahe em faita. Mas l'>e damos um "furo", ' por melhor que elle seja e, por mais que estejamos ' a mostrar satisfac,ão, o secretario não "baixa por– tari as" de louvor, com o intuito, diz, dé não nos

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