PARÁ. Governador (1897-1901: José Paes de Carvalho). Mensagem dirigida ao Congresso do Estado do Pará: pelo Dr. José Paes de Carvalho governador do Estado em 7 de abril de 1899. Belém: Typ. do 'Diario Official', 1899. 231 p.

52 ~NSAGEM Eu não ousaria antever as perturbações, as arruaças, as manifestações de hysterismo eleitoral, que encheram o dia 31 de Outubro ultimo, quando em começo de 1,S98 escrevia as " linhas que passo a recordar, porque ellas têm, vereis, toda a opportunidade : «Nas epochas eleitoraes tem o observador vasto campo para contemplar a bem conhecida contradicção entre as declamações multiformes e o inveterado proceder unifor– me dos partidarios em lucta, contradicção que elles reco– nhecem e pret.endem justificar invocando a fatalidade, em que cada um se encontra de usar das mesmas armas, que o adversaria maneja. Sejam quaes forem as facções, gru– pos, ou os partidos, todos elles por maiores que sejam as differenças, que os separem, apos os verbaes protestos de angelica subordinação ao principio da verdade da.s urnas, buscam com ardor egual embaraçar por todos os meios a livre manifestação d'essa verdade, desde que ella póde si– gnificar uma vantagem para o antagonista. E, na amplitude dos recursos que a cabala lhes póde offerecer, não occupa logar somenos o de attribuir ao Governo predilecções, francas ou equivocas, em favor de uma ou mais parcialidades, que disputam a conquista dos suffragios populares. A este funestissímo engenho, que não direi ser conscientemente seguido, porque isso impor– taria em desconhecer que só um desequilibrio do entendi– mento o inspira passageiramente, é forçoso sempre oppôr perseverante a acção governamental, correcta e insuspei- – ta, capaz de destruir as interpretações maliciosas da dire– ctiz que elle houver traçado patrioticamente, como de fa– r,er respeitar e rigorosamente cumprir todas as regras, c.om 9.ue a lei visa assegurar a liberdade do voto. Preso-me de haver conseguido, durante os dias já passa– dos de minha administração, resguardar a auctoridade superior do Estado de partidarias allucinaçõe's contagio– sas, que com grande damno para a sociedade, vem trans– formar o Executivo em paladino da astucia cabalística. Não renunciei ainda e jámais renunciarei á decisão irre– vogavel de não fazer do posto queoccupo o eixo de machi– nações corruptoras da vontade de meus concidadãos. 'rriumphe quem triumphar, meu governo continuará a ser o qne tem sido: um governo de opinião republicana, tal como o definiu a propaganda precursora de 15 de No– vembro, tal como o tenho definido em mais de uma mani– festação solemne, não cessando comtudo de appellar para os sentimentos superiores da alma nacional e especialmen– te para a virtuosa índole dos meus compatriotas paraenses. E, como orgão d'essa opinião, não me fica a liberdade de

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