Lendas Amazônicas

• 24 ........................ Um bravo guacary, talvez o tronco da arvore tombada, de que Thomaz era o ultimo rebento ~m – murchecido, recebera-a das mãos da mais bella «1ca– miába~, para que jamais se lhe apagasse na memoria a lembranca feliz do seu efêmero noivado. « Torria, disse -lhe ella ao C:espedil-o, guarda como tnlisman contra os maleficios dos teus inimigos esta singela «mueraquitan >. Traze -a sempre contigo, para que te lembres de que um dia fui tua mulher. Deu– m·a, nas festas de «Yaci», a «Mãe das pedras verdes». E o \·elho Thomaz contava, então, que ao se apropinquarem as festas ann uaes, em que as soberbas fllhas da floresta permitiam aos valentes guacarys pe – ne trarem nos seus vas tos dominios reservados, para a celebracão feliz dos esponsaes era de uso fazerem ellas uma' jornada espiatoria ao l~go sagrado de , Yaci– uaruá,-o espelho da lua-, onde jamais reílectiu-se olhar de homem. Reunidas ali, em torno ao lago, as «amazonas » celebra\'am as festas de «Yaci », a lua pallida dos céus da nossa terra. Sobraçando anforas de barro que continham es– sencias capitosas da floresta, evoluíam em dança lan– gorosa pela margem sombria do sagrado lago, entoando cunticos de jubilo e de amor. Purificavam-lhe as aguas cristalinas, derramando– lhe no seio azul-celeste os bálsamos preciosos que traziam e, quando, no mais alto do céu , vinha a lua mirar-se caprichosa no liquido cristal, mergulhavam no lago as «amazonas » e recebiam da «mãe das pe– dras verdes», no fundo mysterioso, as cobiçadas ,mueraquitans ». Guardavam-nas com religioso cuidado e, para que se não pe rdessem, enfiavam-nas em tranca delicada e resistente, que teciam dos proprios cabellos, negros como o ébano mais puro.

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