Lendas Amazônicas
15 Vemos, assim, que certas lendas, que nos pare– ciam ge nuinamente brasileiras, como as do Pahy-tuna, Curupira, lVfaty-Taperê, etc., nada mais são que le– gitimas tradições orientaes, vestígios das r.ntigas rel a– ções pre-colombianas entre os dois mundos, e que tomaram aqui o cocar de pennas e as tintas do UJ'UCÚ. Convem notar que as lendas do «C urupira» e «l\Iatinta-Pêrêra», narradas pelo Dr. Hosannah de Oliveira, e que respondem, por inleiro, ás versõe · correntes entre os caboclos paraodras, parecem, de · algum modo, contrariar as asserções cte Barbosa Ro– drigues sobre a confusão dos mytos pelos caboclos, pois n da «Matinta-Pêrêra» talvez melhor se aparenteie . ' as lendas do «Lobishomen• e da «l:Vlula sem cabeça», que não figuram nesta co!leção, porque não nos foi possível obter a sua versão amazonica. Esse fato se poderá, talvez, explicar pela influen– cia do elemento africano, ao qual devemos, com toda a certeza, o Lobishomem e a Mula sem cabeça. O Curupira paraense desempenha com mais fide– lidade e interesse o papel que lhe atribue Barbosa Rodrigues de protetor das matas, da caça e dos ro– çados. E ' , como tal, inimigo declarado dos caçadore. e lavradores . Nas versões amazonenses, colhidas pelo sabio autor do Poranduba, o formida\·e\ duende das flores– tas se torna um bom ca:marada e protetor dos caça– dores, a quem presenteia com flechas afinadas na arte da caça. Seja-nos ainda permitido apontar a influencia dos contos fantasticos no espirita imaginoso e, atê. fantasioso do nosso rude sertanejo, influencia de que nos são exemplo comprobativo as lendas da «C idade encantada» e da «Cachoeira do rio Maguary-assú ».
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