Lendas Amazônicas

1-1-2 O Procopio virou lentamente o copo , para melhor saborear o fino p araty do J oão F elici o, deu um es – talído com a ling ua e começou : -Quando eu era cu1-umh n, e meu avô, q ue Deus haja, me levava por essa mataria a dentro, nas s uas caçadas perigosas, ouvi-o muitas vezes dizer, quando o u irapassú batia lá no alto do pau seco: «Ah ! ma– landro, se eu te desc ubro o ninho! » Um dia a curio– sidade me bo li u cá dentro e perg un tei ao velho porq ue proferia aquella exclamação todas as vezes que viamos o pássaro . l\Ieu avô sorriu , e , pondo a mão rugos a sobre a minha cabeça, me fal ou assim : «Tu já podes saber <listo, meu néto. Escuta . O ui rapassú conhece uma raiz que abre todas as cousas. Quem possui r essa raiz do uirapassú nunca será preso e penetrará sem bulha em toda a parte. Para conseguil-a é preciso pri meiramente desco brir onde o uirapassú tem o se u ni nho . Elle o esconde l'\o emaranhado da floresta virgem, no alto do pá u seco . Quando o pássaro está creando , aproveita-se o momento em que elle sáe em busca de alimento para ns filh os e tapa-se com barro a en trada do ninh o, que é um buraco. O uirapassú volta, e, encontrand o fechado o ni– nho , vôa para longe, para onde exis te a raiz myste– riosa . Acende - se então uma pequena fog ueira em baixo da arvore , bem junto ao tronco e espéra-se . Quand o se avista o pássaro em demanda do ni nho atiça-se o fogo . Elle traz a raiz presa no bico e vôa com presteza para salvar os filhos. Antes que toq ue o barro da tapagem provoca- se grande labaréda. O uirapassú se espanta e deixa caír a magica raiz. Quem a possúe , meu néto, é o homem mais feli z que o sol jamais alumiou .» O neg ro abriu os labios num sorriso de ind izivel satis fação.

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