Lendas Amazônicas
141 ......................... -Eu farei o mesmo no dia em que seu Felicio quizer. O negralhão levanto u a cabeça e arregallou os olhos para o velho Procopio. -Tenho aqui um segrêdo que nãv conto a nin– g uem, disse o caboclo olhando de soslaio para o preto. Pela terceira vez esvasiou o copo que o Felicio enchia com prazer para obter do velho, quando chum~ bado, a re\ elação do segrêdo . . Daí a pouc~ o desgraçado Procopio não conseguia mais refrear a lmgua. O João Felicio aproveito u-se da ocasião. -Se eu te encafuasse na penitenciaria de Manaus. aposto que de lá não fugirias . -Qual penitenciaria ! Sairei até do inferno se aí me meter o animal. O Cabôco deve conhec~r o meu segrêdo; só assim poderá evadir-se, como faz, sem arrombar as portas , crue se abrem deante delle, como por encanto . -Dou -te mais um trágo se me re\·elares o segrêdo. O velho hesitou algum tempo, mas á vista do copo a transbordar do I_iq_uid o tentad_or, exclamou : « Vá lá mas vocês não d1rao nada a nmguem. » ' O negralhão ap roxim?u-se_ para o_uvi_r i:nethor o P1•ocopio; 0 Ch ico Apiaca apo10 u _o pe due1to sobre um caixote de batatas, fincou no •Joelho o cotovelo e o queixo na mão. João Felicio veiu sentar-se numa saca de farinha junto ao velho que se poz de cóco– ras entre os tres. Venha o trágo e eu começo, disse elle. Não ha nada como se ter experiencia da vida ; estes cabellos brancos, poucos, é verdade, porque caboclo não en~ velhece, representam alguma cousa. -Mas vamos á historia, interrompeu o Felicio, que a curiosidade impacien tava.
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