Lendas Amazônicas
140 ........................ -Eu sou da sua opinião, compadre, acrescentava o Chico Apiacá, para quem a palavra do Felicio era a de um orác ulo. -Só queria ver se elle conseguiria fugir da pe– nitenciaria de Manaus, onde estive dois annos, e por mais artes que fiz esse não atinei com o meio de me escapulir daq uelle antro dos diabos, resmungou um negralhão forçudo que se distraía a migar com o seu afiado pagehú um mólho de tabáco. -Ora, ora, retrocou o J oão Felicio, você mesmo não sabe o que é ter pdcoto com o tinhoso! E o seringueiro se extendeu em considerações sobre o poder do principe das trévas, narrando algu– mas façanhas q ue assis tiu nos sertões do Ceará, de onde saíra ainda moço, acossado pela sêca. Ia por aí além, dando de lingua, apoiado sempre pelo compadre Apiacá , quando entrou no barracão o velho Procopio , caboclo daque ll as brenhas amazonicas, rebento de antigos paunzarfs e fino como lã de cágado . -Eia, seu, João Felicio , deixe-se dê lenga-lenga e bote p'ra cá um trdgo. O seringueiro derramou no copo do Procopio u ns dois dedos de cachaça e continuou a tagarellar. -De que se trata, homem? indagou o velho caboclo . -De que mais senão da fuga do Zeferino ! -Ora mude de conversa que essa já féde, seu Felicio. O seringueiro parece não ter gostado da franquez a r ude do caboclo, mas perdoou-lhe a intimidade com que o tratou, porque tinha quasi a certeza de que o velho Procopio lhe daria uma explicação satisfatoria da fuga do Zeferino. -Diga-me cá, você que é tão sabido, como é • que o demonio do Cabôco sempre consegue escaplir– se do cepo?
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