Lendas Amazônicas
137 ........................ a mão ao extinto, dizendo-lhe: • Ade us, Fulan.o, até á outra vida. • _Um a um, os presentes se despedem do fall ecido, pro– nunciando a mesma fras e. Quando se _põe em .1:1archa o • cn~erro •, os que ficam fazendo_ companhia á familia enlutada atiram sobre o caixão mancbe1as de terra, exclamando : •Adeus , Fulano fica-te por lá mil annos e deixa-nos em paz •. ' T odo este quadro excentrico se apresentaYa, talvez á imagi nação da Ydha cabocla; e ra, sem dm·ida , o motivo 1 da s ua profunda melancolia, quando a _encontrei. Passou-se a tarde, baixou a noite e 11/in :'IIaria não man– dou buscar o r emedi o. Abroquelada no seu org ulho nativo, a mulhc rsinh?. re- pe lia o meu gene r oso ofer ecimento. · Na manhã seguinte fui á casa do P oh·dóro . Encontre i um mw1do de g ente lá métido. -Então que é isso ? \ ejo que estamos a f stejar o res– ta belecimento do .-elho. Louvado scja D c1.1s ! Nha :.faria le \·antou-se e me fez entrar. - \ 'ocê es tá ve ndo? ! Eu nào disse que P oh ·dóro stava mesmo ma l ?! - .\Io rreu seu marido? indag uei surpreendido. - Não senhor ; mas não escapa. Já compramos tudo nara fa ze r o ent~rro . Esta g ente são os par entes delle que vi êram faze r o quarto. . . S ente i-me a um banco; Ilha . ngelica, 1rmà do doente, veiu sentar-se ao meu lado e, depois de um prolong ado silen– cio em que só se ouvia, de quando em quand o, um gemido do' P olydóro e o tamborilar dos ded_os dos caboclos nos pa– rape itos das janellas e nas hombre1~·as das portas, ond e se acostaram, contou-me qu~ todos os dias. ao a_manh ce r e ao por do sol, um bello xmcuan cost~ma:7a pois'.'lr nos galhos do marupaúba, em fr ente á casa do irm!o, e ah ficava horas inteiras a cantar alegremente o s~u tê-te-tê-tê... Aconteceu, porém, qu~ no dia em que o Polydó~o adoe– ce u, 0 passaro dc ix_ou de tnnar o seu canto de alegria, para ntoar o fatídico xm-cu-a11. Eis O motivo certo da tristeza da cabocla, _~isse de mim para mim; a superstição garroteando-lhe _o esp1nto ! - Vimos logo, prosegmu nha ~nge_lica, que o Polydóro não l vantava desta. O malvado vem avi sar-nos que meu ir– mão está para morrf:r - - E você acredita que um passaro bruto possa lá saber aquillo que nós ignoramos?
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