Lendas Amazônicas
133 ,,, .................... , das mulheres, lá em Faro. O uacauan se apossa do espírito das senhoras e obriga - as a cantar como elle. Custou - me a crer, e julguei a principio que se queriam divertir á minha custa. Mani festei desejos de ver a moça pegada pelo extraordinario passaro e daí a momentos o Siqueira me levava ao quarto da filha . Encontrei- a reclinada n u ma rêde , fóra de sentidos. Parecia dormir. De quando em quando, porém, repetia o canto diabolico como se fosse a propria ave. O peito, então, lhe arfava como se quizesse estalar. (1) Por espaço de meia hora du rou aq uell a fascinação demoníaca, deixe-me assim dizer. Quando desperto u , um profundo cansaço se lhe desenhava no rosto, queixava - se de uma pequena dor na cabeça e opressão no peito . (2) Saí fundamente impressionado e sem pode r ex– plicar aquel le fenomeno exquisito. Convenci- me então de que as a\·es e os animaes têm uma certa influencia sobre nós. Ao sr. o mesmo sucederia. -Póde ser, capitão ; mcs essa his tori a tem, para mim, a sua explicação natural : essa pobre menina éra uma hystérica. -Não creio. Robusta e sadía como a \'Í ! E não foi esse o unico fato que assisti de encantamento, se assim posso dizer, pelo uacauan; esse. impress~on~u– me mais do que os outros por ter sido o pnmeno que presenciei e se trat~r de gen te de certa _ed uc~ção. Ia responde r-lh e arnda, ~rocurando e\'ldenciar o meu acerto mas o meu amigo le\·antou-se brusca– mente e m'e es tendendo a mão, disse-me: -Até amanhã , a s ua explicação não me co1wence; narrar-l he-ei outros casos que acabaram a minha con– versão á poética retigz'êlo do nosso humilde caboclo. 1) Barbosa Rodrigues-Lendas, etc •Revista Brasileira». 2) Idem.
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