Lendas Amazônicas
132 -E outros a fe licidade, a alegria e a vida, como o uirapurú , aparteei-o, sorrindo zombeteiro. -Não caçôe . Vou narrar-lhe um fato que presen– ciei e ao qual devo em pai:te a minha conversão ás crenças ge ntilicas . Eu me achava na cidade de Faro ... -Onde a superstição erigiu seu domicilio, in– terromp i- e . - uma bella noite de luar palestrava com alg uns amigos, commentando os negocios políticos locaes, quan– do ao longe ouvimos distintamente o canto do uacauan. -Esse canto é um aviso de morte. Conheco a lenda. Um poéta (1) a resumiu nestes mimosos ve r~os: «Ouando morreu minha amada, Vinha nascendo a manhã, Tres vezes na encruz ilhada ÜU\'i cantar o uacauan. » - Não é tal. Escute-me sem me interrompe r. O ua– ca uan cantára e era a primeira vez que eu o ouvia tão bem e tão explicado . O canto imp1essionou-me. Uma segunda vez as notas me feriram os ouvidos, desagradavelmente . Deve ser medonho no seio da floresta este cantar horripilante, disse aos companheiros . Mal acabava de falar, de dentro da casa do S iqueira, em cujo terreiro e tavamos reunidos, partiram as mesmas notas agudas - ua-ccí-uan-seguidas de uma garga lh ada estríd ul a e penetrante. O Siqueira levantou-se de súbito e pen e– trou apressadamente em casa. Que é isso, perguntei com espanto . Os outros sorriram e me respon deram que o Siqueira tinha uma filha dos seus qui nze an– nos, muito bonita e i ntelligente e que ha dias fôra pegada pelo uacauan. Pegada pelo uacauan ? indaguei, ainda mais assom– brado. Explicaram-me então que esse passaro é o terror 1) Ludovico Lins-«Hora Morta».
RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0