Lendas Amazônicas

124 -Não diga isso, branco ! -Pois então conte a historia. Vamos lá: estou escutando! l\Ias conte tal qual a sua avó lhe contava; faça de conta que é ella quem está falando. -Este branco! ... exclamou a velha, rindo com– placentemente. Vou ver se me lembro. A minha avó contava assim : «Tupan tem a sua cabana tecida de nuvens, no alto de uma arvore alta. Esta arvore dá umas flôres, que nós chamamos estrellas, e são flôres que nunca murcham. O só! e a lua são os frutos desta arvore. Tupan e os que com elle moram, comem todos os annos estes frutos; os frutos renascem no dia se– guinte, porque Tupan assim o quer. Tupan, Já do alto, vê tudo, e tem pena da gente. Quando a terra está seca, elle sacóde a grande arvore, e cae a eh uva. Porque as folhas da grande arv~re estão sempre cobertas de orvalho, e este orvalho renasce porque Tupan assim o quer. O t'apy éra o xerimbabo de Tupan. Nós chama– mos japü"m, mas o nt>me é t'apy. Quando Tupan estava triste, vinha o z"apy, poi– sava num ramo, junto á orelha de Tupan, e cantava. Tupan dormia ao som do canto, e quando acordava estava alegre. E o céu todo se illuminava, com a ale– gria de Tupan. Houve um tempo em .que todos os homens esta– vam afligidos, e diziam : Tupan leva-nos daqui, dei– xa-nos subir a grande arvore. Tem pena . de nós, Tupan ! Tupan chamou o t'apy e disse-lhe: Desce, vae cantar aos ouvidos dos que existem na terra, para

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