Lendas Amazônicas

122 Depois de pessados aJgur:s mezes, lembro u-se o homem do Curnpira e dizem que dissera:-Vou ainda tirar os dentes do Curupira para contes de minh a filha. Dizem que pegou Jogo no machado e chega nd o ao Curupira ol hou e dizem q ue estaYam os dente s quasi azues . O homem bateu logo com o machado nos dentes . Di zem q ue o Curu pi ra então aco rdo u. -Ah' meu filho! agora eu sei q ue tu me que– res bem. Di zem que elle dissera :- E · \·erdade ! -Como tu me queres bem, ago ra eu vo u te dar um arco e uma frecha. Quanto tu quize res peças a essa frecha . Frecha para o cerrado, sem destino, que ella ha de pegar a presa; mas tu não frecharás passaro de bando, porque póde acontecer que elles te ma~em. Depois, dizem que o homem foi-se embora . Sem– pre q ue queria ia caçar e diariamente era feliz. Dizem que uma \·ez esq ueceu-se e frechou o Aracuan e que Jogo os companheiros caíram sobre elle e despedaçaram - lhe as carnes . Morreu . Dizem que depois, então, o Curupira fo i ter com elle; que aquentou cera no fogo e com ella uniu as carnes . Dizem que o Curupira dissera-lhe ;- Agora não comas cuisas quentes. O homem caca\'a todos os dias. Um dia esq~1ecendo-se, dizem, e dando -lhe a mulher tacacá q uente, tomo u e derrete u-se logo. 1) «O Curupira e o caçadon~, tr~duzido literalmente da «língua geral» pelo dr. Barbosa Rodrigues, 1,; mais _um conto qu_e lenda Transcre– vemol-o, entretanto, para apresentar ao leitor o Curupira sob a feição be– nigna e mesmo atoleimada em que as \·eze~ s:tem mostr_adoaos moradores das regiões do rio Branco, rio ~egro e _So!tmoes. 1:, versão presente é a que existe no Solimões pouco della diferindo a do no Dranco. No rio Negro o terrível duende das florestas é ainda mais tolo e bonanchão T odos esses contos sobre o curupira não passam, porém, de simples variantes da lenda primitiva.

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