Lendas Amazônicas

118 ~o equador quasi não exis te o crepusculo. A transição da noite para o dia se faz rapidamente: ás cinco e meia é dia. ·E nessa hora penetravamos na flores ta virgem. A natureza em todo o Brasil ::: de uma grandeza, de uma imponencia assombrosa. :\Ias só póde compreender na r ea li – dade a s urpreendente magestade da creaçào, quem já uma vez a dmirou uma vi rgem floresta da Amazonia. Aí tudo encanta, tudo eduz ! O pau d'arco corõado de flôres amarellas ou cõr de rosa; o acapú a ltaneiro; o a11gelim 1 com suas folhas miudas, pe r– dendo-se no espaço; o p1quzá_. com a sua madeira rija; o cumarú, embalsamando o ambiente com o dõce odõr de seus frutos; o cajueiro da mata, coberto de frutos \·ermelhos no meio de uma fo lhagem verde garrafa ; o um iry, distillando o ma is delicado óleo 4ue perfuma _a fl oresta inteira ; o pa– tauaseiro, eleYando uas palmas acima dos mais altos a r vo– redos, entrelaçam seus galhos e fo lhagem, mal deixando côar os raios do so l ardente. Caminhamos até meio dia, tendo colhido apenas um nrwzbú e dois mutzuzs para o almoço, quando chegamos ás cabecei ras do l garapé-assú. Assentamo-nos sobre o l~gedo, contemplando a agua cristalina cor rendo sobre a areia branca. - Oh! J oão Antonio, neste. fio ~•agua não se pôde ocul– tar a yá1 1 a que tanto ocupa a 1magmaçào do velho Bôa do ::\Iaguary? (l ) - Sem duvida, senhor, mas não e tamo lines de perigo. e aqui escapamos á _wíra, <:stamos, no entanto, no pleno domínio dos curupiras. . _ - E você já yju o curupira:' - Como não; qual.º c~çador que se pôde gabar de nunca ter encontrado o cu rupira:' -Eu, João Antonio, nunca encontrei nem yáras, nem curupiras, nem lobis(w11_zeus, nem matinta-pere1 1 as, nem nenhuma dessas histonas inventadas pelo medo. - H istorias inventadas pelo m_etlo ! r epetiu o velho caça– dor com azed ume. Os senhores nao vêm nada porque a ca– çada, para os senhores, é ma_tar pa~sarinhos em r edor da casa, e não se afastam do terreiro senao bem acompanhados. Por isso chamam de medrosos os outros que passam dias e noites sosin hos na flo r esta. . -Não se zangue. Como foi que viu o curupira? --1-) Rcf~r:ncia ao rio :V1aguary-assú. V. pag 103.

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