Lendas Amazônicas
116 os lados do Cruzeiro e o Estanisláu, que estava cosinhan– do tijolos na olaria do sr. Conego, quando ouviu o assobio dannado, disse logo com medo: Vem buscar tabaco anzanhél. Pois no outro dia, ás 7 horas da manhã, entrava na olaria a \·elha Catharina e dizia para o Estanisláu : Eu \'im buscar o tabaco que você me prometeu hontem. -Quem te contou isso? -O proprio Estanisláu. Eu posso garantir que el le não estava bebedo, pois o pobre do mulato já não bebe . .. -Agora, não é isso; -Não bebe. não, senhor. ~o dia de S . João estava - mos numa folia em casa do Desiderio, quando ouvimos o gri to da matútta-perern. A rapaziada gritou Jogo, vamos agarrar a bicha. E saímos para o teneiro e ati– ravamos pedras rara o lado donde vinham os assobios. --De repente a mal\-ada calou - se e ouv iu-se como o \'ÔO de um pl:ssaro g,ande que se afasta\·a . Pois no L' ia seguinte a velha Catharina esta\·a de cama com a cabeça quebrada e com escoriações pelo corpo e quando pergunta\·am a elln o que tinha sido aqu illo, respon – dia: Foram uns malvados que me atiraram pedras. Crêa, senhor douto r, matfota-perera são essas bruxas velhas que quando moças commeteram grandes peca– d0s e por isso ficam cumprindo o se u fadario. - Pois rncê está enganado. A ve lh a Ca th ari na é uma infeliz que todos maltratam e principalmente esse bando de creanças q ue não compreendem ainda quanto é digno de censura escarnecer os míseros pretos \·elhos. Tenha cuidado, pae J osé, que póde chegar a s ua vez, e convença-se de que a matinta-perera(l) outra coisa não é senão um passarinho noturn o e que a ninguem faz mal. O mestre J osé calou-se, mas não me pareceu con– vencido. 1) Maty-taperC: escreve Barbosa Rodrigues e matim-taper~ o sr José Veríssimo.
RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0