CARVALHO, João Marques de. Hortencia. Pará: Livraria Moderna, 1888. 230 p.

92 Mcwques rle Carvcillw lient@ estadío de desgraya na historia da sua vida. D eehonrára a irmã, perdera-a para sem– pre, dissoluto e. perverso r. Oavára-lhe a ruín a. úom o goso que fô,ra buscar em seu corpo im– macul3:do. Agora, q·ue homem havia de a que– rer, assim profanada pela allucinação da sua concupiscente volúpia? A que estado reduzira a pobre rapariga ! R ealmente, o seu modo de proceder havia ultrapassado todas as raias da. comprehensão humana, para estender-se até ao círculo fatal dos crimes secretos, onde não che– ga a clemencia da desculpa. E amofinava-se em ponderações similhantes, monologando, nas ho– ras em que o somno custava a chegar-lhe, como desejoso de vel-o por mais tempo entregue ás cruciações da vigília. .. E stes sentimentos de regeneração, porém, passavam rápidos e deixavam-n'o em situações d'espirito normaes, tranquillo e folgazão, ufano da victoria ganha em casa, sem grande traba– lho. E digam lá que santos de casa não fazem milagres ? exclamava a rir com cynismo, os olhos brilhando em profunda malícia rejubi– lada. .· Só uma duvida molestava-lhe a tranquilli– dade : a incerteza do que Sl:l passára entre a sua familia. Nada sabia sobre tal assumpto. No dia seguinte áquelle em que possuíra a irmã, tivera desejos de falar-lhe, no intuito de lhe pe– dir silencio e certificar-se da attitude qué toma– ria Hortencia a eeu respeito. Quiz ir desemba– raçadamente ao hospital, annunciar-se como irmão da enfermeira; mas deteve-o o receio de lá encontrar a mãe e caír no meio de uma scena vergonhosa pernnte os empregados da Santa Casa, deante dos quaes sería assoalhada a des– honra da irmã. Levou algum tempo a machinar

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