CARVALHO, João Marques de. Hortencia. Pará: Livraria Moderna, 1888. 230 p.

Hortencia 89 como tinha sido creada, senão d'aqtÍelle m6ilo? E o irmão, e a mãe e toda a gente:? O mundo era aquillo : a constante empreza da reprodu– cção das especies funccionando em todas as en– g renagens das camadas sociaes. A sorte era omnipo~ente. A sua sina era aquella: confoi:-. mar-se-ia. Entret anto, a noite subi a sob re o rio, afo– gando nas trévas o cinzento perfil das mattas da ilha das Onças, em fren te á rapariga. Uma estrclla scintillava de vez em quando no firma– mento escuro, ao t empo que pequeninos pha– r6es allumiavam-se nos mastros d 'algumas ca– nôas, ao longe, para o lado do Ver-o-peso. O si– lencio afogava magesto amente o vasto edificio. Onde achava-se, H ortencia não sentia nenhum arruido dernmciailor de existencia humana. A seus pés, lambendo a praia pedregosa, o Gua– jar á, invisível quasi, g luglutava na força da vasante, conio a g uéla enorme de um sedento mastodonte occulto a saciar-se longamente. . A enfermeira deix'9u-se apoderar de uma tristeza doce e tranquilla ao rod,eal-a a escuri– dade. Era desgraçada agora, sem a sua virgin– dade, mas consolava-se, todavia, porq~e perde– ra-a eom um irmão que estimava- a, Pm vez de a dar tolamente a, qualquer -vagabundo das es- • tradas, qtte fiz esse alai:de da sangrenta victo- ri a .... E, sobretudo, restava-lhe o ptu·o amor l)enévolo de sua mãe, p ara a co:rp.pensar da falta e perdoal-a carinhosamente. Ma.s um ruido de remos di scretos attraiu- · 12

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