CARVALHO, João Marques de. Hortencia. Pará: Livraria Moderna, 1888. 230 p.
,, H ortencia 75 A assistencia desfraldou as bandeiras á gar– galhada, rompeu em retumbantes · applausos, fa zendo verdadeira ovação áquelle p alhaço cu– jas primeiras palavras, chatamente banaes, den– nunciavam um ar tista de ínfima classe. ' Hortencia, t anto quanto a velha Ma.ria e o irmão, tripudiava contentíssima, dando palma– dinhas sobre as coxas, n'um desprendimento complet o d'irresistivel alegria. Achava eminen– temente pandego aquelle dialago, nos seus pit– torescos matizes de varias ling uas. E ao mesmo t empo, comsigo propria, esforçava-se por ob ter o verdadeii:o sentido das palavras estrangeiras, ll aRquaes tmha apenas uma percepção bastante vaga e incerta. E squecia- se da vida rEW,l, de t o– das as tristes scenas da sua existencia na San ta Casa, para lançar-se no seio do inesperado diver– timento que lhe proporcionara o irmão. Um sen– timento de gratidão erg ueu-se-lhe no espirito para com Lourenço. Levantou os olhos, cravo u– os no rosto do rapaz. Achou-o sympathico, boni– t o quasi, differente do que lhe t inha parecido até ali, pela influencia da predisposição optimis– t a em que achava- se. Contemplou-o longamen– te, amoravelmente, analysando-Lbe com vagar e insistencia as linhas t odas do semblante, combi– nando traços com t raços, feições com feições, ex– tranhamente, como se tentasse, n'u111 esforço athlético do espirito obediente áivont.ade, cravar nos refolhos da alma a physiol!omia do irmão. Era um renascimento completo no seu modo de encarar Lourenço. Sentia-se complacente, dis– posta a esquecer as t olices do doidjvanas, com a necessidade de perdoar tudo, na larg ueza in– comparavel do seu bondoso coração. Retirara-se o palhaço. De repente, a orches– tra começou a tocar uma conhecida march:::. em
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