CARVALHO, João Marques de. Hortencia. Pará: Livraria Moderna, 1888. 230 p.

'14, 1J1.arques de Carvalho commentando physionomias e vestidos apresen– tados n'aquella exposição de pessoas. Tinha phrases felizes d'uma crítica faceta, bonacheiro– na, engraçada e flagrante. A mãe chamava-a á ordem de vez em quando, pedindo-lhe minoras– se o enthusiasmo, para não se fazer saliente. Terminada a polka, a pateada recomeçou, mais estrondosa ainda. Então, repentinamente, quando menos es- ,/ perava-se, fez sua entrada no pista um palhaço magrizella, todo vestido de branco, com grandes animaes vermelhos recortados sobre a larga blu– sa, e tendo pintadas pelo rosto, por baixo da ponteaguda cab~lleira bipartida, trez cartas de jogar de naipes differentes. Olhar vivo, partin– do de redondas pupillas negras, irrequietas. Cumprimentou para todos os lados, com a gra– ça affectada e comica do~ clowns. Os especta– dores saudaram-n'o com uma algazalTa enorme, que reboava na praça como os rugidos de i-anhu– da tempestade indommavel. Entrou logo a des– empenhar os seus mestéres. Correu a um empre– gado que desatava a corda de um trapesio e, batendo-lhe no hombro, perguntou-lhe a berrar, n'uma linguagem impossível, nem inglez, nem portuguez, incongruente salada de termos das duas línguas, temperada com abundantes pala– vras hispanholas, apanhadas ao dente nas An– tilhas, de onde viéra a companhia : -Qué faz you ahi, hombre ? -Trabalho, compaiiero ! -Entonces give me trabalho. -No tenho. -Porque pues? -Porque no quiero. -God save the .... bofetade ! E fingiu dar _no servente em pleno rosto.

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