CARVALHO, João Marques de. Hortencia. Pará: Livraria Moderna, 1888. 230 p.
ti Hortcncia 73 f õra ela m6da, um caixeiro conhecidíss~o n'es– se tempo e do qual a alcunha era o nome d'uma· ave amazonica. O g rupo não perdeu a opportunidade de fazer g raç6la chat a e, · referindo-se ao chap éo da nioça, g ritou : - Lá vem o J acú com o seu penico! . U nanime ~argalhada estrondou no recinto. Alg umas familias presentes começaram a con– versar intimamente, disfarçando, ao t empo que a maioria dos homens estendia o pescoço curio– so para ver quem era o domno de similhau te al– cunha e o por tador de t ão prestavel objecto. Mais adean te, alg uns pret os escouceavam furi osamente a madeira da b ancada.. Um d'elles erg ueu de subito a voz- uma voz encachaça– da e áspera- bradando : - Começa ou não esta bosta ? Hortencia, que não tinha o hab it o d'aquel-: las scenas, olhava com vivacidade para t odos os h,i.clos, desejosa de cravar b em na memo~·ia, pelos sentidos da vi st a e do ouvido, esses <liver– sos aspectos da vida livre do povo que e cli- . ver te. Impacien tava-se porq.ne não começava logo o espectac ulo e, adherindo áquell as provas de impaciencia, bat ia tambem com o pésinho na t ábua, mordendo o roxo labio opulento de j u– ventude e sensualidade. Seguia todos os gest•lS dos empregados ; fazi a con jecturaR sobre a exhi– bição do primeirn trabalho; acompanhava com a cal:>eça o movimento mathematico do dompas– so de uma polka, ex'ecntada n'aquelle momen to pela orch estra, que resolvera- sé a satiâazer o desejo da populaça pagante. Repent inamente a_legrada, contente d'aquelle ineRperado di ve r– tun e:pto, poz-se a conversár à11imada com . mãe e com o irmão, dizendo-lhes coisa á t ôa, 10
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