CARVALHO, João Marques de. Hortencia. Pará: Livraria Moderna, 1888. 230 p.

• I Hot·tf)nciEr 'll bandeira americana, com arruidos ôcos de pan– no molhado sacudido. Lourenço, que tinha já comprado os respe– ctivos bilhetes, entrou, seguido das duas 1uu– lheres. O circo estava brilhantemente illuminado por um systema particular de candieiros, cujo deposito de alim..ntação achava-se pendurado a alguns metros de altura, em uma das columna– tas de pau que sustentavam a cobertura de lona. Compunha-se a pista de dez ou doze metros em circumferencia de terreno arenoso, coberto de serradura de madeira, em camada espessa. A'quella hora, já os curi0sos espectadores esta– vam em grande numero, avultando nas banca– das muitos pretos e mulatos em mangas de ca– misa, de calças brancas engommadas, com fri– sos ao longo da perna, pela frente. Nas cadei– ras, circumdando a pista, elegantes rapazes em cuja reunião formavam maioria os caixeiros. Empn:gados inferiores a.lldavam para todos os lados, ás pressas, com as cabe9~~ pendentes para o peito e os braços balouçados ·cadencialm.ente. Desprendiam cordas, ligavam grossos cordões ás columnatas, preparavam e dispunham em re– gra todo o material do .costuro ' para trabalhos acrobaticos. Lá em cima, junto ao tecto, perfi– lavam-se vários trapesios de tamanhos differen– tes, aguardando a chegada dos gymnastas. A um lado das bancadas, via-se uma pequena phi– larmonica de 3" classe, do centro da qual par– tiam notas desaccordadas de instrumentos de sô– pro submettidos a ligeira àfinação. De dentro, de um compartimento reservado, onde haviam sido installados camarins para os artistas e a ca– vallariça, partiam gargalhadas p-'homens e relin– chos de quadrúpedes: um mixto commum de

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