CARVALHO, João Marques de. Hortencia. Pará: Livraria Moderna, 1888. 230 p.

1(1 111 tirq1ce/l' cl!e Oowvaílto A's 7 horas saíram de casa. A s duas mulhe-' res levavam frescos vestidos de chita clara, chei– rando a engommado e a periperióca ralada. O circo levantava-se no centro da praça. Pedro II, onde existe presentemente o theatro da Paz. Era um vasto pavilhão circular, todo de lona: fortíssima, especie de enorme tenda d e campanha. Visto da esquina a'.a rua de ::5. Vi– cente de F 6ra, püi· onde viéram os nossos per- . sonag ens, parecia um grande balão estendido no s6lo, já accêso, esper ando t er a. quantidade d e' gaz sufficiente para levantar-se valente, inician– do a sua a scenção. Grande quantidade de povo apinhava-se á entrada, fazendo esse b arulho eonfuso e murmurante qne- se observa nas reu– niões de muit as pessoas. Homens azafamados íam e v inham d:um para outro lado, agrupa– vam-se em frente d'um botequim a.mbulantey palestravam com as vendedeiras de doces,. fa... zendo compras, apresentando propostas, combi- 11 nando entrevistas proximas. D eante da bílheta- ria, a confusão era indescriptivd : havia empur- rões, phrases duras ou porcas, descomposturas rapidas e energ icas. Todos queriam ser atten- didos ao mesmo tempo, julgando-se com eguaes direitos aos serviços do bilheteiro que, impassi– velmente, ía-os ouvindo um a um, satisfazendo- lhes os pedidos de cadeiras ou de entradas geraes. Lá dentro, já a musica ha.via. começado uma valsa,-para animar aquelles que, na rua, hesi– t assem aii:ida entre o desejo ~e entrar e a vonta- de de ir-se embora. Sobre a lona que formava a p a rede lateral do circo, desenhavam-se larg os p erfi s d'homens caminhando sobre as taboas das b ancadas. E na cupula, sobre o centro do tecto, na meia-escuridão da noite, agitada pelo vento, fiuctuava na ponta d'um m ~stro uma larga

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