CARVALHO, João Marques de. Hortencia. Pará: Livraria Moderna, 1888. 230 p.

Hortencia 61 sensatos, n.o seu pobre estylo de mulheres sem educação. Como fizésse economiaR, Hortencia entregava-as á mãe, para que esta occorresse á2 suas despezas e guardasse uma partlC\ para o pe– cul io da rapariga. Vinham alg umas visinhas vi– sitai' a enfermeira e, n'essas occa iões, as novida– des do bairro appareciam todas sem cantellas, francamente, na iudiscriçij:o dos soalheiros de mulatas da classe baixa. A's vezes, t ambem por lá apparecía o Lou– renço, hypocritamente pacato, contando pilhé– rias para fazer rir, agradando muito a irmã,– para obter d'ella o mimo d'alg umas p elhancas-, como elle chamava ás cedulas de dez t ostões. Hortencia e a--mã~ formavam um clup tet6rrirno de conselhos e recriminações sensatos, exhortan– do-o a mudar da vida, "a comportar-se para ser homem de bem". Elle ouvia-as appareutemente resolvido á obediencia, mas de si para comsigo, nq es tomago; ruminava idéas desprezadoras de "todas essas léi·ias", zombando da mãe, fazendo pequeno caso da Íl'mil:, disposto a proceder como bem quizesse· e resolvesse. :N ão era nenhuma creança para es– tar a ouvir cm·ões. Arre ! A 's 10 horas da noite, quando o sino de Sant'Anna dobrava o m·agão, r eco lhiam-se tO'– dos :1os respectivos aposentos. Maria ent rava na sua pequena alcôva, Hortencia ía para o seu quarto e Lourenço, quando fi cava em ca. a, oc:}u– pava o segundo quarto, entre ,, dq irmã e a co– sinha. P e:la manhã, muito cedo, depois do caf é, a énkrm.eira saía para o hospital, o,irmão dirigia– se ao trabalho da cosinha em casa dos patrões, c a mãe d'elles vinha á porta acompanhai-os, vê·r desapparecerem na curva da estirada, antes de

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