CARVALHO, João Marques de. Hortencia. Pará: Livraria Moderna, 1888. 230 p.

66 Marques de Carvalho um abhorrecimento de si propria, de Lourenyo, e do C_laudio, do "infame sapateiro", que não conhecia, mas a quem odiava pelo seu negro proceder, abandonando a esrosa na hora do pas– samento d'ella. Grossas lagrymas apreesadas resvalavam-lhe dos olhos ao longo das faces, pas– sando pelas commissuras dos labios e caíndo para a cama de Antonia, ondé eram chupadas vorazmente pelos frios lençóes humedecidos ainda do suór da moribunda, minutos antes. Depois do enterro da infeli;,; adultera, Hor– tencia pediu e obteve licença para fazer uma vi– Rita á mãe~ Desejava expandir-se com alguem amigo, e queria tambem mandar procurar o ir– mão, fazer sentir a hediondez do seu procedi– mento, communicar-lhe a triste morte da mísera Antonia, abandonad L do todos, na enfermaria. da Santa Carn. Relat01.1 ~ mãe tudo quanto, por iitforma– ções, podéra colher a respeito do drama ern que era heróe,-bem lamentoso heróe, por certo,– º sem juizo do Lourenço. A velha Maria affii– giu-se extremamente, chorando muito, e disse– lhe que não tinha ainda visto o filho desde que Hortencia estava fóra de casa, porém que havia de ir n'aquella mesma tarde procurai-o em casa dos patrões A' tarde, Hortencia regressou ao hospital. D'ahi por deante entregou-se ao trabal_ho, com maior dedicação, bôa vontade e intelli– gencia. De quinze em quinze dias, aos domingos, fa visitar a velha Maria, com quem demorava-se até segunda-feira de manhã. Passavam o dia inteiro em conversa muito animada, permntanao noticias e impressões, com curiosos commentarios ora esdruxulos ora

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