CARVALHO, João Marques de. Hortencia. Pará: Livraria Moderna, 1888. 230 p.
Jlortencia 65 ritt.mente o irmão. O génio maldoso e leviano a'.> trnfego rapaz causava-lhe tédio, porém 0 S'.tngue commum de ambos escaldava-lhe a pelle e forçava-a a estimar Lourenço com um ex– trao rdinario affecto intenso e dedicado. Era d'essas mulheres que mais amam á medida que mais odeiam. A antíthese dos sentimentos foi– lhe fatal. Apaixonou-se por caus<1, do fe io pro– ceder do irmão. 'D edicou-se heroicamen te pela Antonia. Queria' salval-a, dar-lhe a cura, para depois clizer-lhe,-peclir-lhe de joelhos, chor an– do, e tanto fosse preciso,- que fugisse.de Lou– r enço, cl'esse homem fatal que parecia vindo ao mundo para produzir desgraças seguidas in ter., mi11:1velmcnte. A' noite, quando se recolh1a ao seu pequeno quar to, prosternava- se em frente 0 ao seu inseparavel São J osé, que trnuxer:i com– sigo _e, chorando silenciosamente, pedia-lhe com exaltação que intercedesse a Deus pela cura da desgraçada Antonia. A sua fé tinha a cegueira das g randes convicções profunda, . P ela manhã, muito cêdo, vinha á enfermaria., convicta ele que .a doente se mostraria em seu juizo, em mais tranquillo estado iniciador da c, ,uvalescença. P orém a decepção apresentava-se logo, ríg ida o d olorosa, no triste estado .da febricitante enfe r– ma transviada. Desgraça ! Ao quinto dia, como estives.'(:) almoçando, foram á pressas dizer-lhe q~e Antonia morria. Correu á énfermaria. O corpo da clultera esta- · va enteiriçaclo sobre os lençóes, palliclo e ema– ciado pelo prolongado soffrimen,to. Um cacla– 'ver . ... Um cadaver d'onde exhalava-se um leve cheíro innominado e enjoativo. H ortencia caiu de joelhos, com a garganta aper t:-d.a por um nó a.m'.Lrgoso e 1n le to. Inva– diu-lhe o peito uin grande desconsolo d a vida, 9
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