CARVALHO, João Marques de. Hortencia. Pará: Livraria Moderna, 1888. 230 p.

Hortencia 55 1nedios. O nosso melhor medi camen to é o soce– go el e vocês, seus cac~tes c1'uma füii ga ! Abaixo u, suj eição a esta mul atinha sem vergonha !" E o côro todo respomli a unísono, em uma extensão de muitas leguas : " A baixo , abaixo !" Hor tencia comprehenc1eu afin al. A quelles brados eram a rebellião dos enfe rmos, com os quaes não dev ia ti-ansigir para não perder as bôas graças da mesa admini ; trati va do hospital. Elles repudiavam-n'a, p.)is, conscios de não pos– suirem n'ell a uma alli a1la beni gna. D esejand li vrar-se d'elles, a rapari ga estugou os passos, p:> rém os mesmos g ritos de rep ro vaç~o segui am– n'a sem se atra zarem uma linh a. Assim obsi– diada pelo rai voso clamôr, andou por longo tem– po , sem afrouxar a força dos passos, quando, j á completamente desalentada , teve de parar um momen to, para respirar com sofl'rcguid ão. O are– noso caminho corria-lhe interrninavelmente sob os olhos, sem que estes podessem alcfl.nçar-lhe o termo. A ' beira d'agua nenuphares estendi am as largas folh as, recebendo o refri gerante rorêjo da noite calma . A corrente un closa gluglutava ent re seixos cobert os <l a alfomura aquatica dos musgos esverdinbados. P eixes de f6r•n as novas saltitavam veloccs, n'urn tripudio animal , e des– appareciam rápidos nas profundezas tenebrosas do rio. Do lado oppos to <la es t rada, a :floresta virgem, compacta , elevava a sua movediça abo– bada sombria de grandes galhos e ramarías opu– lentas. P arasitas sem cont a enroscavam os fi– lamentos brancos pelos troncos es0uros, zig-za– gueavam caprichosas, ostentavam as suas ex– quisitas .f:lorescencias maravilhosas, !le côres for– tes e pôlpas muito rij as e macías. E os cip6s sem conta multiplicavam-se para 'todos os lados, alinhavam-se horisontalmente como delgadas

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