CARVALHO, João Marques de. Hortencia. Pará: Livraria Moderna, 1888. 230 p.
1-T01·tencia gões de ventres proeminentes, profullllos rasgões em seios tumitlos, na apoj adura, espasmódicas contracções de dôr em rostos lúgubres, de uma li videz de nwri bundo, gritos dilacerantes, c~ster– tores srnistros, um interminavel arquejar afflicto e horrendo de peito que perde o alento vital. Cre– augns grita vam agudamente, mulheres soluça– vam, homens proferiam blitspllemias immoraes entre gestos energicos e r éles. E aquillo mesmo era a vida : c reangas qne appareciam no mundo, adul tos que se anniq11ihwa111 n'um derradeiro esforço impo te nte da v<mtade presa n, terra. Hortencia estremeceu ante aquella visiio. Um cel-to pavô1· invad:u-lhe o pobre espirita tí– bio de joven rapariga inexperi ente. Mas logo reanimou-se, r econhecendo a necessidade que a obrigava a seguir para o hospital. Que podia ter -se por bem fe liz em Já entrar por seu pé, cheia de saudr., sem o mínimo soffi'imento phy– sico. Vi\,er mal por viver mal , tanto valía em casa como a li. E tlepoüi, havif't de acostumar-se logo, com a bôa vontade que sentia cm si. Mas um calafrío percorreu-lhe o corpo. L em– brou-se da, entrevista qne ia ter com o provedor do estabelecimento. S e elle niio a qui zesse ac– ceitar, julgando-a muito noni e sem experitineia , e se o Jogar já estivesse preenchido por outra mu– lher mais activa que ella , A necessidatle de trnlo saber immecliata– mente <leu-lhe, novas forças no corpo um tanto cangado pela comprida caminhada que tléra a pé, seguindo por tantas ruas de péssimo ca) oil,- mento irregular. - Passava n'esse momento defron te da Sé. Pela segunda vez, ergueu o pensamento ao ceu - áquelle céu inconsciente e passivo <las crenrli– ces populares, formado de illimitatlas solidões
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